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Crescimento do mercado de stablecoins com entrada de bancos e gestores

A tinta do GENIUS Act ainda está fresca, mas já é possível notar seus impactos na indústria de criptomoedas. Em apenas uma semana, o setor viu uma injeção de quase US$ 4 bilhões, elevando o valor total das stablecoins para mais de US$ 264 bilhões. Essa movimentação está gerando um burburinho entre investidores, especialmente os do setor corporativo, que parecem mais animados com oportunidades nesse mercado.

Essa não é uma mudança surpreendente. O GENIUS Act traz uma regulamentação histórica que dá um respaldo federal aos bancos e investidores institucionais em relação às stablecoins lastreadas em moedas reais. Com a nova clareza regulatória, surge um fluxo de capital fresco e uma competição acirrada, algo que já começava a ser visível antes da aprovação da lei.

Em uma conversa no Yahoo Finance, o CEO da Coinbase, Brian Armstrong, comentou sobre a preocupação com a entrada de bancos nesse novo espaço. E a resposta dele foi bem direta: “De maneira alguma. Acredito que todos deveriam ter a chance de criar stablecoins.” Essa visão parece estar se alinhando com a atitude dos grandes nomes da finança tradicional.

Nem todas as stablecoins são iguais

Embora todas as stablecoins busquem a estabilidade de valor, elas podem ter formas bastante diferentes de atingir esse objetivo. Geralmente, elas se dividem em quatro categorias: lastreadas em moeda fiduciária, lastreadas em cripto, algorítmicas e lastreadas em commodities.

As stablecoins lastreadas em moeda fiduciária são as mais populares, com uma relação de 1:1 para uma moeda tradicional, como o dólar americano. Elas costumam ser suportadas por reservas reais em dinheiro ou ativos de curto prazo, como títulos do governo dos EUA. Hoje, elas representam cerca de 85% do mercado total das stablecoins.

O GENIUS Act se concentra especialmente nesse tipo de stablecoin. Podemos destacar a USDt (USDT), da Tether, e a USDC (USDC), da Circle, que juntas superam a marca de US$ 227 bilhões em valor de mercado. A legislação exige que quem emite essas stablecoins tenha reservas adequadas, passe por auditorias e possua as permissões necessárias.

As stablecoins lastreadas em cripto são um exemplo interessante. Elas são garantidas por ativos digitais como Ethereum ou Bitcoin, e um case famoso é o DAI, que mistura colaterais em cripto e tem um valor de mercado de aproximadamente US$ 4,35 bilhões.

As outras duas categorias são menos comuns, mas não menos importantes. As stablecoins algorítmicas ajustam a oferta automaticamente para manter seu valor, mas mostraram-se vulneráveis, como demonstrado pelo colapso do ecossistema Terra. Por sua vez, as stablecoins lastreadas em commodities, como a Pax Gold (PAXG), têm como lastro bens como o ouro, oferecendo uma alternativa contra a inflação, embora ainda enfrentem desafios em relação à liquidez e à complexidade na custódia.

A chegada das instituições

Desde a assinatura do GENIUS Act em 18 de julho, o número de empresas e bancos na área de stablecoins não para de crescer.

Um exemplo recente é o lançamento da plataforma de emissão de stablecoins pela Anchorage Digital, o único banco cripto com licença federal nos EUA, em parceria com a Ethena Labs. Essa iniciativa trará a stablecoin USDtb para o mercado americano, alinhada às novas regulamentações.

Na mesma linha, a gestora de ativos WisdomTree lançou o USDW, uma stablecoin lastreada em dólar que tem como objetivo viabilizar ativos tokenizados com pagamento de dividendos. A empresa está se posicionando como uma das primeiras grandes gestoras a entrar nesse espaço já regulado.

Além disso, os gigantes da banca mundial estão atentos a essa movimentação. O CEO do Bank of America, Brian Moynihan, mencionou que o banco está avaliando a possibilidade de emitir stablecoins lastreadas em dólar, sempre em conformidade com as novas regras. No início do mês, o JPMorgan e o Citigroup também indicaram que estão se preparando para se aventurar nesse mercado de stablecoins.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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