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Ex-presidente do Banco Central compara bitcoin a dinheiro em espécie

O ex-presidente do Banco Central do Brasil, Gustavo Franco, deu uma entrevista especial ao O Globo, onde compartilhou suas opiniões sobre o bitcoin. Segundo ele, essa moeda digital pode exercer um papel parecido com o do dinheiro físico.

Durante a conversa, Franco comentou que as novas tecnologias de pagamento não mudam a maneira como nos relacionamos com o dinheiro. Para ele, a imaterialidade do dinheiro não influencia o valor que damos a ele. O que realmente conta é a confiança que temos no Estado e no funcionamento do sistema de emissão. Ele lembrou que, antes da crise de 1929, as notas traziam a mensagem “o Tesouro promete pagar ao portador deste valor”. Porém, após a gestão do ex-presidente José Sarney, o dinheiro passou a ser estampado com “Deus seja Louvado”, uma ironia de Franco sobre a necessidade de apelar a algo maior para garantir seu valor.

“Bitcoin tem uma função similar ao do dinheiro em espécie”, diz Gustavo Franco

Na sequência da entrevista, ele foi questionado sobre sua visão do bitcoin. Franco descreveu essa moeda como uma forma de “anonimidade digital com o dinheiro”. Ele afirmou que, atualmente, o bitcoin opera de forma muito semelhante ao dinheiro em espécie, servindo principalmente para transações na economia subterrânea. Para ele, essa demanda pelo bitcoin é comparável àquela pelo dinheiro físico.

A economia subterrânea é enorme no mundo todo, e essa moeda atende a um setor que não se encaixa no sistema financeiro tradicional. É por isso que há tanta procura, é como o dinheiro em espécie”, explicou.

Franco também abordou a resistência do dinheiro físico, ligando-a à economia subterrânea, onde ocorre uma grande parte das operações financeiras. Em relação às stablecoins, ele acredita que podem trazer boas oportunidades, mas ressalta que empresas menores precisam de uma regulamentação mais rígida para operar corretamente. “Vai depender da regulação do mercado, senão será como as outras criptos”, comentou.

Gustavo Franco tem um papel relevante na história do Banco Central do Brasil, onde atuou entre 1997 e 1999 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Seu foco principal foi garantir a estabilidade do Real em relação ao Dólar, essencial para o sucesso do Plano Real, que lutou contra a hiperinflação que marcou as décadas de 80 e 90.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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