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Brasil pode unir mineração e inteligência artificial

Durante um painel bem dinâmico no Blockchain Rio, moderado por Rafael Romano, alguns especialistas do universo cripto trocaram ideias sobre uma tendência que pode transformar a economia digital: a junção entre a mineração de Bitcoin e a inteligência artificial (IA). O influenciador Deny Torres e Gaio Doria, executivo da Bitmain, trouxeram à tona como o avanço tecnológico e a descentralização energética estão criando novas possibilidades no cenário global, com o Brasil podendo ser uma peça-chave nesse quebra-cabeça.

Deny Torres agora vê uma movimentação interessante na descentralização do hashrate, que é a força computacional dedicada à mineração de Bitcoin. Ele comenta que várias regiões do mundo, especialmente a América Latina, estão se aproveitando de energias excedentes que antes eram desperdiçadas, direcionando-as para operações de mineração. Um exemplo prático que ele trouxe foram os turbogeradores, utilizados por empresas como a Petrobras, que estão sendo adaptados para gerar Bitcoin.

Ele fez um ponto importante: “As fábricas devem considerar a mineração de Bitcoin como parte importante do seu plano de produção.” Isso não só gera receita, mas também ajuda a usar eletricidade de forma mais eficiente, reaproveitando energia que, de outra forma, ficaria sem utilidade. Além disso, essa mudança ajuda a descentralizar ainda mais a rede do Bitcoin, que atualmente está muito concentrada em poucos países.

Bitmain e a Integração com IA

Gaio Doria, da Bitmain, trouxe uma outra perspectiva. Ele mencionou que já foram minerados 94% de todos os Bitcoins, enquanto os halvings, que reduzem pela metade a recompensa para os mineradores, continuam a pressionar a rentabilidade do setor. Para continuar na disputa, Doria ressaltou que a Bitmain planeja lançar máquinas cada vez mais potentes, investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento.

“Somos uma empresa de semicondutores, não apenas de mineração. Entre 60% e 70% dos nossos colaboradores estão focados em P&D,” explicou ele, enfatizando como isso coloca a empresa à frente em inovações em chip.

Porém, Doria também fez um aviso relevante: o futuro da mineração não está atrelado apenas às novas tecnologias. Ele destacou a relação crescente entre a mineração, a posse de ativos físicos e digitais, e o papel estratégico do Bitcoin no cenário geopolítico.

Uma questão instigante que ele levantou foi sobre o impacto da inteligência artificial. “Todo mundo fala de IA, mas atualmente ela não é descentralizada. Temos um gargalo energético enorme. Não há energia suficiente no mundo para suportar todos os projetos de IA e mineração ao mesmo tempo.”

Doria sugeriu que a solução pode ser a união dos dois mundos. “O Brasil precisa se despertar para isso. O futuro está em desenvolver projetos energéticos que tenham a mineração de Bitcoin como suporte financeiro. Essa abordagem pode sustentar data centers que mineram Bitcoin e, ao mesmo tempo, operam sistemas de inteligência artificial.”

Esse novo modelo, que muitos já chamam de “merge mining”, não trata apenas da mineração de diferentes criptomoedas simultaneamente, mas de uma utilização inteligente da infraestrutura que beneficia tanto a IA quanto a mineração de Bitcoin.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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