Banco Central deixa blockchain de fora da primeira versão do Drex
O Banco Central do Brasil anunciou mudanças importantes no projeto do Drex, a versão digital do real. Agora, a ideia é adotar uma abordagem mais simples, deixando de lado, pelo menos por enquanto, a tecnologia de registro distribuído, como a blockchain. O foco é ter uma solução prática e funcional até 2026.
Fábio Araújo, que é o coordenador do projeto, explicou em uma entrevista que o desenvolvimento do Drex vai acontecer em duas fases. A primeira, que será de curto prazo, busca implementar um sistema mais direto. Já a segunda fase irá explorar tecnologias mais robustas, como redes descentralizadas e contratos inteligentes.
A versão inicial do Drex deve ser lançada no segundo semestre do próximo ano e terá como objetivo facilitar a reconciliação de gravames. Para quem não está familiarizado, isso significa verificar garantias de ativos usados em operações de crédito, que, atualmente, podem ser complicadas. Imagine, por exemplo, que um ativo esteja custodiado em uma corretora e o empréstimo ocorra em um banco — a proposta é integrar esses dois pontos.
A princípio, o plano era utilizar a plataforma Hyperledger Besu, que é uma tecnologia blockchain permissonada e compatível com o Ethereum. Contudo, houve ajustes na estratégia devido a dificuldades técnicas, especialmente em relação à privacidade dos dados.
Durante os testes iniciais, o Banco Central avaliou três ferramentas para garantir que dados sensíveis fossem protegidos, sem comprometer outras funções importantes. No entanto, nenhuma dessas soluções atendeu completamente as exigências da autoridade monetária. Outras três opções estão sendo analisadas, mas ainda é necessário mais desenvolvimento para que possam ser eficazes.
A tecnologia específica que será usada para a reconciliação de gravames ainda não foi divulgada. Isso levanta a dúvida se essa abordagem será algo fixo ou apenas um passo intermediário na digitalização da moeda brasileira.
Foco na solução do problema, explica Galípolo
Durante uma palestra na Blockchain Rio, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou que o projeto está se afastando do rótulo de infraestrutura DLT. Ele destacou que a prioridade é encontrar a tecnologia mais adequada para solucionar os problemas existentes. “Estamos cada vez mais claros sobre isso”, disse Galípolo.
A mensagem que fica é que a intenção não é se apegar a uma ferramenta específica, como a blockchain ou DLT, mas encontrar a melhor solução. E assim, o Banco Central busca realmente resolver as questões que envolvem a nova moeda digital.