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Mais de 70% das pessoas perdem dinheiro, revela estudo

O day trade tem se popularizado nas redes sociais como uma chamada para a liberdade financeira. Há muitos relatos de traders que afirmam ter lucrado milhões em operações de criptomoedas, seja investindo em um ativo que disparou repentinamente ou utilizando robôs para negociações ágeis com Bitcoin. Essas histórias chamativas despertam o interesse de muitos, mas a realidade parece ser bem diferente.

Segundo dados recentes de uma pesquisa da Grana Capital, 71,87% dos investidores individuais acabaram perdendo dinheiro ao operar em curto prazo entre agosto de 2024 e julho de 2025. Essa pesquisa analisou quase 34 mil investidores que realizaram day trade — a prática de comprar e vender ativos no mesmo dia. Os resultados mostram que a busca por ganhos rápidos muitas vezes esbarra em estatísticas duras.

André Kelmanson, CEO da Grana Capital, aponta que apenas 28% dos traders tiveram algum lucro. Isso reforça que o day trade é uma atividade de alto risco, especialmente para os pequenos investidores.

Lucros são raros e concentrados em poucos casos

Os números vão além: os ganhos significativos são alcançados por uma minoria muito pequena. Apenas 0,18% dos traders conseguiram lucros superiores a R$ 100 mil em um ano, enquanto 1,02% enfrentaram perdas acima desse mesmo valor. A maioria dos investidores, por sua vez, saiu no prejuízo, mesmo que em quantidades menores. Quase metade, 47,36%, perdeu até R$ 1 mil, e 16,06% tiveram perdas que variaram entre R$ 1 mil e R$ 10 mil. Os lucros menores também foram concentrados em poucos: 20,56% dos traders lucraram menos de R$ 1 mil, uma quantia que dificilmente sustenta qualquer expectativa de renda fixa.

Esses resultados desenham um quadro claro: viver de day trade é uma tarefa quase impossível para a maioria das pessoas.

Estudo da FGV reforça que sucesso é exceção

Essa realidade não chega a ser uma novidade. Em 2022, a Fundação Getulio Vargas (FGV) já havia realizado um estudo detalhado sobre o tema. O levantamento analisou o desempenho de traders entre 2012 e 2017 e descobriu que 97% deles terminaram com perdas. Os economistas Bruno Giovannetti e Fernando Chague, que conduziram a pesquisa, destacaram que quanto mais tempo uma pessoa permanece operando, maiores são suas chances de perder dinheiro. Isso contrasta com atividades profissionais tradicionais, onde a experiência geralmente traz melhoria.

Giovannetti, em sua análise, fez uma comparação interessante: “É muito mais parecido com um cassino”. Ele observa que, diferentemente do que muitos pensam, os ganhos não dependem apenas da técnica, mas sim de uma boa dose de sorte. Portanto, o day trade deveria ser encarado mais como uma forma de entretenimento do que como uma profissão forma.

O mito da renda fácil cai por terra

A analogia com o jogo de azar se repete entre especialistas. Muitos analistas acreditam que a ideia de viver de day trade é uma ilusão propagada por cursos e promessas de enriquecer rapidamente. Embora algumas pessoas consigam obter lucros em situações específicas, as estatísticas mostram que são exceções em meio a um mar de investidores que perdem.

A pesquisa da Grana Capital evidencia que apenas 61 investidores, em quase 34 mil, ganharam mais de R$ 100 mil em um ano. Em contrapartida, milhares de outros terminaram o período com perdas significativas, o que desfaz completamente a narrativa de que persistência sempre resulta em sucesso.

Um ponto que preocupa muitos especialistas é o impacto das redes sociais na popularização dessa prática. Influenciadores e youtubers frequentemente compartilham histórias de sucesso, mas tendem a ignorar os dados negativos. Isso pode levar iniciantes a acreditarem que apenas dominar algumas técnicas de análise gráfica é suficiente para garantir lucros constantes.

Entretanto, as pesquisas da FGV e da Grana Capital desmentem essa ideia. Os dados mostram que quanto mais tempo alguém se dedica ao day trade, maiores são as chances de perder dinheiro, e mesmo quando há ganhos, eles raramente compensam o tempo e a energia investidos.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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