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A verdade por trás do “criptoboy”, segundo a Piauí

A nova edição de setembro da revista piaui traz uma reportagem que está dando o que falar no mundo das criptomoedas no Brasil. A matéria revela como um grupo de jovens, conhecidos como “criptoboys”, conseguiu lavar bilhões de reais através desse mercado. Para se ter uma ideia da gravidade, as investigações mostram vínculos de clientes com organizações criminosas como a máfia italiana, o PCC e até o Hezbollah, totalizando cerca de R$ 19,4 bilhões movimentados de forma ilícita.

O protagonista da reportagem é Dante Felipini, um cara que, por acaso, se formou em Direito. Seu trabalho de conclusão de curso abordou a forma como as criptomoedas poderiam ser utilizadas para lavagem de dinheiro, bem antes de ele entrar nesse jogo. Começou fazendo serviços informais de remessa e lavagem usando criptomoedas. Em 2017, decidiu profissionalizar a operação e fundou a empresa Makes Exchange.

Logo, Felipini começou a receber milhões em espécie de comerciantes chineses, tudo para enviar o dinheiro para a China sem pagar impostos no Brasil. Para isso, ele convertia os reais em criptomoedas e mandava os valores sem passar pelo sistema bancário tradicional.

À medida que sua operação crescia, Felipini se uniu a José Eduardo Froes Júnior, considerado um dos maiores operadores de criptomoedas do Brasil. Froes usava um sistema chamado OTC (over the counter), que permite realizar operações de compra e venda fora das plataformas habituais. Entre 2017 e 2021, ele movimentou cerca de R$ 8 bilhões para o exterior, muitas vezes com o auxílio de seus irmãos.

Além disso, o dinheiro gerido por Froes incluía aportes de Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como o “Faraó do Bitcoin”. Através da One World Services, a empresa de Froes, muitos operadores menores começaram a realizar suas transações.

Com o tempo, Felipini passou a operar sozinho e chegou a contratar 20 colaboradores. A reportagem mencionou ainda outros nomes, como Vinicius Zampieri Marinho e Bruno Kioshi Tomo Tashira, que também estavam envolvidos em operações de lavagem de dinheiro usando criptomoedas, assim como Jhonny Rich Sales dos Santos.

Uma investigação relacionada a Santos levou as autoridades até Jéssica Castro, uma ex-funcionária que acabou realizando operações suspeitas totalizando R$ 2,6 bilhões. Para complicar ainda mais, foi indicado que alguns bancos, como Genial, Master e Santander, estavam cientes das atividades ilícitas de Felipini.

Enquanto a Polícia Federal pediu a prisão de Froes e seus irmãos, a Justiça Federal negou o pedido. Froes argumentou que tinha um sistema de compliance e que, em determinadas ocasiões, rejeitou clientes que não se enquadravam em seus critérios éticos.

Dante Felipini acabou sendo preso no Aeroporto de Guarulhos enquanto tentava embarcar para Dubai. Atualmente, ele enfrenta processos por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, associação criminosa e até por ligações com terrorismo. Neste momento, ele está detido na Penitenciária 2 de Tremembé e sua defesa optou por não comentar sobre a reportagem.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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