Menos de um ano depois de ter surgido e enfrentado acusações de não pagar seus clientes, a BeeFund está de volta com um esquema que levanta muitas suspeitas. A empresa promete lucros altos com criptomoedas e, como sabemos, rentabilidade garantida é algo que não existe.
Recentemente, o portal A Cripto recebeu diversas denúncias de usuários que investiram na plataforma e estão tendo dificuldades para sacar seus recursos. Em meio a essas queixas, foi descoberto um grupo no Telegram com mais de 20 mil membros, onde desde 31 de julho circulam mensagens sobre o retorno da BeeFund.
Uma das primeiras postagens do grupo afirma que “a BeeFund é mais do que um projeto; somos uma plataforma financeira descentralizada renascendo com propósito e visão de longo prazo.” No entanto, não havia nenhuma menção anterior a uma “pausa estratégica” e muitos investidores ainda aguardam o retorno do dinheiro aplicado. A BeeFund ganhou notoriedade em outubro de 2024 quando prometeu lucros de até 12,75% ao dia.
Assim que atraiu atenção, relatos de clientes indicando que a empresa congelou os saques começaram a surgir. Em resposta a essa situação, a BeeFund anunciou que transformaria todo o saldo dos clientes em uma nova criptomoeda chamada BEEB 2.0. Para acessar essa nova moeda, os clientes eram obrigados a depositar uma quantia de US$ 10 em uma stablecoin. Apesar de muitos terem feito o depósito, muitos ainda não receberam nada.
Agora, a BeeFund retorna com um discurso bem pouco claro, sem fornecer detalhes sobre seu funcionamento ou sua estrutura. A promessa de baixa volatilidade e segurança parece repetida de outros esquemas que já foram desmascarados. Segundo as postagens, o retorno oficial da empresa foi no dia 10 de agosto.
Cara de Golpe
Alguns vídeos compartilhados nas redes sociais resumem o funcionamento da nova BeeFund, narrados por vozes geradas por inteligência artificial. Neles, a empresa diz que sua estratégia abrange criptomoedas, mercado futuro e Forex, com o intuito de reduzir riscos. No entanto, muitas dessas afirmações soam confusas e sem clareza.
A narração promete “alta segurança” e “renda estável”, algo que mercados voláteis como criptomoedas raramente garantem. Além disso, a BeeFund não está registrada em órgãos reguladores e não segue as normas do mercado. A proposta é que o investidor escolha um trader parceiro para gerenciar seus fundos, mas as credenciais desses traders não são mostradas.
Uma das personalidades mencionadas é Anne Richards, vice-presidente da Fidelity, que já negou sua ligação com a BeeFund. A plataforma diz ter mais de 500 mil usuários e oferece a visualização das taxas de sucesso de cada trader, embora não especifique quais tecnologias utiliza para garantir a segurança dos investimentos.
O grupo no Telegram ainda apresenta promessas de lucro, depoimentos de supostos usuários e até alertas sobre bancos que não estão aceitando transferências, sugerindo que os clientes cuidem de possíveis golpistas. A empresa se justifica pelas trocas frequentes de domínio dizendo que isso é necessário para se proteger de ataques. Contudo, uma mudança de domínio não é uma prática comum que justifique tanta insegurança.
Essa situação aponta para as características de muitos golpes: promessas de retornos garantidos e um discurso convincente, mas sem comprovações e sem dados relevantes, como CNPJ e registros em órgãos competentes.
Passado da BeeFund
Apesar de um histórico curto, a história da BeeFund é repleta de incidentes. Após alegações de não pagamento, surgiu a ideia do token BEEB 2.0, que também não trouxe retorno aos investidores. Wagner Oliver passou a ser visto como o principal nome por trás da BeeFund e, em um vídeo, chegou a culpar os investidores pelos problemas enfrentados.
Embora ele tenha se posicionado como uma figura central, sua aparição em eventos sociais e sua conexão com a plataforma não deixaram claro se ele é realmente um aliado ou apenas uma figura de fachada. Após uma série de mudanças, a BeeFund voltou a ressurgir, mudando de nome algumas vezes antes de retornar ao original. Desde então, a empresa não havia dado notícias — até agora.
