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Autor afirma que IA prejudica habilidades de escrita humanas

O jornalista e romancista Sérgio Rodrigues está prestes a lançar um livro bem curioso: “Escrever é humano: como dar vida à sua escrita em tempo de robôs”. O lançamento acontece na próxima quinta-feira (18) em Brasília. A obra discute os desafios que a inteligência artificial (IA) traz para a escrita, um tema extremamente pertinente hoje em dia.

Na sua entrevista à Agência Brasil, Sérgio deixou claro que está preocupado com as consequências da tecnologia. Ele acredita que o problema vai além do mercado de trabalho. O autor teme que a gente esteja caminhando para um retrocesso civilizatório e intelectual. Escrever, segundo ele, é uma habilidade que deve ser preservada e valorizada.

No livro, Sérgio defende a prática da escrita e afirma que as máquinas, por mais avançadas que sejam, ainda não conseguem igualar a criatividade humana. Ele teme que a evolução da IA possa abafar essa habilidade natural, colocando em risco a essência da escrita.

Aproximando-se do tema

Quando questionado sobre como surgiu a ideia de escrever sobre a humanização da escrita, Sérgio explicou que começou pensando em um manual para ajudar iniciantes, especialmente no campo da ficção. Sendo jornalista, romancista e contista, ele sempre se interessou em explorar esse universo. Uma parte das ideias do livro veio de um blog que ele manteve entre 2006 e 2016, o Todoprosa. Com a chegada da IA generativa, a urgência de discutir essas questões aumentou.

O autor destaca que a criatividade é tudo aquilo que as máquinas ainda não conseguem replicar. A inteligência artificial pode produzir textos que imitam a linguagem humana, mas carecem da profundidade e subjetividade que apenas um autor humano possui. Para ele, a arte e a escrita são exclusivamente humanas e não podem ser reduzidas a meras imitações.

Impactos no mercado de trabalho

Sérgio também comentou o impacto que a IA pode ter nas profissões ligadas à escrita. Ele vê setores inteiros ameaçados pela capacidade da tecnologia de realizar tarefas que antes eram exclusivamente humanas, e isso pode resultar em uma desvalorização do trabalho intelectual.

O autor aponta um risco maior: a possibilidade de que as pessoas “desaprendam” a escrever. Assim como já não memorizamos mais números de telefone, ele teme que a dependência da IA nos faça esquecer habilidades essenciais. A escrita é, segundo ele, uma forma de tecnologia do pensamento, e abrir mão dela pode causar um retrocesso significativo para a nossa civilização.

Desafios na educação

Sérgio acredita que a escola enfrenta um grande desafio nesse cenário. Se não houver um controle rigoroso, muitos alunos podem acabar entregando trabalhos feitos por inteligência artificial. Isso pode resultar em uma geração que não desenvolve suas habilidades de escrita e reflexão crítica.

Há uma pressão crescente para que as instituições de ensino criem ambientes que incentivem o pensamento e a produção textual. Um exemplo positivo é a Finlândia, que, após tentar integrar computadores nas salas de aula, decidiu banir esses dispositivos, priorizando a interação e o aprendizado.

A importância da leitura e da escrita

Durante a conversa, Rodrigues também falou sobre como a falta de leitura impacta diretamente a escrita. Ele comparou a experiência de ler um livro como “Dom Casmurro” ao simples resumo da obra. A leitura proporciona uma compreensão mais profunda, e a falta dela pode até prejudicar a capacidade de se comunicar.

Ele mencionou que escrever cartas de amor, por exemplo, pode se tornar um desafio para quem não lê e não pratica a escrita regularmente. A habilidade de se expressar é essencial nas relações humanas, e essa carência pode dificultar a conexão com os outros.

O papel das famílias e da sociedade

Sérgio também ressaltou a importância da família nesse processo. É essencial que as famílias incentivem a leitura e a escrita em casa. Ele acredita que não é tarde para mudar essa dinâmica e que a IA pode ser uma ferramenta útil, mas não deve substituir a capacidade humana de pensar e expressar-se.

Por fim, ele comentou sobre a necessidade de políticas públicas que abordem a regulamentação da IA, um campo onde os interesses das grandes empresas estão em jogo. O desafio é grande, e a discussão sobre como lidar com essa tecnologia está apenas começando.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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