Israel divulgou, na última segunda-feira, uma lista de endereços de criptomoedas que, segundo alegações, foram utilizados pela Guarda Revolucionária Islâmica do Irã para receber uma quantia significativa: US$ 1,5 bilhão em USDT, a stablecoin da Tether.
O Escritório Nacional de Combate ao Financiamento do Terrorismo de Israel (NBCTF) afirmou que essas criptomoedas devem ser apreendidas. Apesar da repercussão, a NBCTF não respondeu rapidamente a questionamentos sobre o assunto. Por outro lado, a Elliptic, uma empresa especializada em análise de blockchain, ressaltou que os endereços mencionados receberam essa enorme quantia de USDT. Eles, porém, também alertaram que não é possível garantir que todos os endereços estejam diretamente ligados ao Irã, já que alguns podem ser operados por plataformas de criptomoedas que fornecem serviços para múltiplos clientes.
Importante destacar que os ativos em questão, por estarem na forma de USDT, estão sob suspeita de apreensão. O USDT é atualmente a quarta maior moeda digital em termos de valor de mercado, com um volume de negociação diário que supera os US$ 101 bilhões.
A apreensão da Tether
A Tether, responsável pela emissão dessa moeda, colaborou anteriormente com autoridades para congelar USDT associado a atividades ilícitas. No mês passado, um grupo de hackers que se identifica como pró-Israel, chamado Gonjeshke Darande, conseguiu desviar US$ 90 milhões em criptomoedas da corretora iraniana Nobitex. Esse ataque foi justificado por uma suposta ligação da corretora com a Guarda Revolucionária Islâmica.
Ainda de acordo com a Crystal Intelligence, empresa de conformidade, muitos usuários da Nobitex podem ter sido afetados por esse hack. Vale lembrar que o Irã tem utilizado criptomoedas, há um bom tempo, como uma estratégia para contornar sanções internacionais. Recentemente, o Ministério Público dos Estados Unidos, na jurisdição de Massachusetts, entrou com uma ação buscando recuperar US$ 584.741 em stablecoins USDT de um iraniano que supostamente forneceu tecnologia ao exército do Irã.
Por fim, é interessante notar que a Guarda Revolucionária Iraniana (IRGC) é considerada uma das maiores mineradoras de Bitcoin no país. A rivalidade entre Israel e Irã é histórica, com os dois países se enfrentando em diversas ocasiões, incluindo uma guerra de 12 dias em junho, que agitou não apenas o cenário local, mas também movimentou o mercado de criptomoedas e outros setores.
