Bancos suíços finalizam pesquisa sobre blockchain para depósitos
Recentemente, alguns dos principais bancos da Suíça realizaram uma experiência bem interessante com blockchain e contratos inteligentes. Essa prova de conceito testou como esses recursos podem facilitar os pagamentos interbancários, e o que é ainda mais notável: foi considerada a primeira vez que um pagamento bancário juridicamente vinculativo foi feito através de uma blockchain pública.
Sob a coordenação da Associação de Banqueiros Suíços (SBA), instituições como UBS, PostFinance e Sygnum Bank se uniram para explorar a viabilidade de tokens de depósito que funcionam com blockchain e estruturas de pagamento. O estudo, divulgado na última terça-feira, destacou que a experiência começou com a transferência de dinheiro fiduciário offchain e usou um “token de depósito” — que pode parecer uma forma moderna e segura de representar ativos.
Duas situações foram testadas: uma envolvendo um pagamento direto entre clientes dessas instituições e outra que simulou uma operação de escrow, onde tokens de depósito foram trocados por ativos do mundo real, tudo com processos automáticos. O destaque foi realmente essa questão jurídica: é a primeira vez que bancos conseguem fazer um pagamento vinculativo com a ajuda da tecnologia de blockchain.
Desafios de escalabilidade permanecem
Os contratos inteligentes utilizados no sistema garantem que tudo seja verificável e que as normas de segurança e regulação sejam seguidas. Apesar desse grande passo, a SBA alertou que ainda existem desafios a serem enfrentados, especialmente em termos de escalabilidade. Para que esses pagamentos se tornem práticos em larga escala, é necessário fazer alguns “ajustes de design” e contar com a cooperação de outros bancos, provedores de infraestrutura e autoridades.
O sucesso desse teste pode abrir portas para mais instituições financeiras se interessarem em utilizar blockchain para operações de pagamento, aproximando as finanças tradicionais das decentralizadas.
UBS diz que interoperabilidade é possível
Christoph Puhr, do UBS Group, comentou que a interoperabilidade entre os depósitos bancários tradicionais e as blockchains públicas está se tornando uma realidade. Ele diz que essa prova de conceito mostra que é possível conectar dinheiro bancário a essas novas tecnologias, o que pode trazer uma onda de inovações em torno de ativos tokenizados.
Puhr acredita que isso não só acelera a inovação, mas também permite que os players financeiros moldem o futuro dos sistemas financeiros, tanto na Suíça quanto em outras partes do mundo. E vale lembrar que, por aqui, os bancos centrais também estão de olho na implementação de contratos inteligentes e infraestrutura blockchain.
Por exemplo, em um estudo feito em maio pelo Federal Reserve Bank de Nova York em parceria com o Banco de Compensações Internacionais (BIS), foi mencionado que os contratos inteligentes podem tornar os bancos centrais mais ágeis e responsivos em um sistema financeiro onde os ativos estão tokenizados. O BIS indicou que esses contratos poderiam ser rapidamente adaptados, dando flexibilidade aos bancos centrais em situações hipotéticas.
Entretanto, o BIS também apontou que esses bancos provavelmente enfrentarão desafios de infraestrutura, já que a maioria dos sistemas atuais pode não estar pronta para esse novo cenário. È um avanço que promete mexer com o core das finanças, mas que exige um caminho cauteloso e colaborativo.