Michael Saylor, o fundador da Strategy, trouxe à tona algumas polêmicas sobre a próxima grande atualização do Bitcoin durante o Bitcoin Corporate Day, que aconteceu em junho, mas o vídeo com suas declarações foi liberado apenas na terça-feira (16).
A principal discussão atualmente envolve a remoção do limite do OP_RETURN, que facilitaria a adição de dados na blockchain. Essa mudança está prevista para outubro, com o lançamento do Bitcoin Core v30. Enquanto algumas vozes alertam que isso pode prejudicar o Bitcoin, outros acreditam que é impossível evitar o spam na rede, e que essa é a decisão mais acertada.
Michael Saylor considera que a remoção do limite do OP_RETURN é uma questão de menor importância
A Strategy possui cerca de 639 mil bitcoins em caixa, o que equivale a impressionantes US$ 75,1 bilhões ou R$ 398 bilhões. Portanto, Saylor tem um grande interesse em garantir a segurança da rede do Bitcoin. Ao ser questionado sobre a controvérsia que envolve a atualização, ele deu uma resposta bastante elaborada.
Ele enfatizou que o Bitcoin é muito mais do que apenas uma moeda; é uma ideologia. Saylor lembrou que a criptomoeda já enfrentou divisões no passado e continua firme, mesmo com a existência de mais de 40 milhões de tokens em circulação.
Ele descreveu propostas para mudar o protocolo do Bitcoin como algo que deve ser visto com cautela, já que podem ser percebidas como uma ameaça à comunidade. Saylor comparou as mudanças no tamanho dos blocos a uma “mudança de primeira ordem”, uma vez que blocos maiores acarretariam menos taxas e, consequentemente, menor segurança para a rede. Por outro lado, a remoção dos limites do OP_RETURN ele classificou como uma “mudança de terceira ordem”, ou seja, não tão significativa.
“Essa discussão sobre o OP_RETURN é, na verdade, uma mudança de segunda ou talvez terceira ordem”, afirmou Saylor. Ele destacou que isso não altera a quantidade de Bitcoin em si, que é uma mudança mais essencial. Ao mesmo tempo, a reação da comunidade ao rejeitar a proposta foi considerada por ele como uma resposta saudável.
Saylor também observou que é normal ser cético em relação a mudanças de terceira ordem, pois há sempre a possibilidade de que se tornem mais sérias e, se isso ocorrer, pode colocar tudo em risco.
Bilionário do Bitcoin expressa preocupação com atualizações
Na sequência de suas observações, Michael Saylor adotou um tom mais filosófico para explicar por que teme tanto essas atualizações. Ele alertou sobre o perigo de um desenvolvedor talentoso, mas bem-intencionado, tentar fazer mudanças que podem não ter os resultados esperados.
“Eu sempre comento em tom de brincadeira que não me arrependo das minhas más ideias, porque ninguém é tolo o bastante para persegui-las”, brincou Saylor. No entanto, ele admitiu que se arrepende das boas ideias que busca e que acabam diluindo suas grandes estratégias. Segundo ele, “as boas ideias podem arruinar a empresa. No caso do Bitcoin, essas boas ideias podem comprometer a criptomoeda.”
Como exemplo, ele citou os vários recursos introduzidos no iPhone, que, segundo ele, muitas vezes acabam mais atrapalhando do que ajudando. Para Saylor, os desenvolvedores deveriam concentrar seus esforços na correção de problemas críticos e em garantir a compatibilidade, ao invés de adicionar novos recursos. “A falta de um recurso é o próprio recurso”, observou.
Apesar de sua cautela, Saylor se mostrou otimista com a reação da comunidade. Ele acredita que a mobilização da comunidade constituirá um bom sistema de freios e contrapesos, impedindo mudanças apressadas que poderiam colocar a rede em risco. Ele também se mostrou favorável a alternativas, como o Bitcoin Knots, que podem ajudar a manter a integridade da rede.
