CPI da Íris: depoente afirma que lojas da Worldcoin fecharam no Brasil
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Íris ouviu, na última terça-feira (16/9), João Lopes Alves, representante da Festejola do Brasil LTDA. A empresa está sendo investigada devido à sua ligação com a TFH (Tools for Humanity) e à suposta compra de dados pessoais de brasileiros em troca de pagamentos com Worldcoin (WLD).
Durante seu depoimento, que durou um pouco mais de uma hora, João detalhou como a Festejola atuou no Brasil, principalmente em São Paulo, onde disponibilizou locais para o escaneamento da íris dos cidadãos. Isso gerou um certo burburinho, já que a coleta de dados sensíveis como esse levanta muitas questões.
Logo no início, ele explicou que foi convidado pela Festejola de Portugal para representar a empresa no Brasil, ressaltando que não é sócio. “Fui sondado pela Festejola. Eles já tinham experiência com a TFH na Europa e precisavam de alguém aqui no Brasil. Abrir a operação foi uma extensão do que já faziam por lá”, disse.
João também falou sobre como criaram espaços físicos variados na cidade para atrair um público diversificado. “A ideia era envolver pessoas bem informadas sobre o que estávamos fazendo, por isso abrimos vários pontos para facilitar o acesso.”
A operação durou apenas três meses e foi encerrada a pedido da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados). “Fechamos todas as lojas no Brasil, dispensamos os funcionários e devolvemos os locais. A decisão foi da TFH, esperando esclarecimentos das autoridades locais”, esclareceu.
Ele ainda comentou que a presença da TFH em diversos países dificultava a operação sozinha. “Nosso papel foi preparar o espaço para o atendimento e fornecer as informações necessárias para os usuários”, completou.
Sobre o financiamento do Projeto World ID, João disse que a atratividade da ideia é que ela gera interesse de investidores. “É pequeno pensar que a única motivação é a venda de dados. O financiamento vem de uma visão mais ampla, onde a segurança digital é essencial, com a possibilidade de anonimização dos dados.”
Reações dos vereadores da CPI da Íris
Após o depoimento, a presidente da CPI, vereadora Janaina Paschoal (PP), comentou que a intimação da Festejola foi fruto de investigações que apontaram a presença da empresa em São Paulo sem contratos formais com proprietários de imóveis. “A empresa foi formada em outubro de 2024, justamente quando a TFH começou a atuar aqui. Entendi que a Tools buscou parceiros para intermediar o projeto, sem sede oficial no Brasil”, destacou.
O vereador João Ananias (PT) expressou sua preocupação com o que chamou de contradições no depoimento. “Nós sabemos que muitas pessoas foram atraídas pela compensação financeira oferecida pelo escaneamento da íris. Ele disse que isso não era um pagamento, e isso me deixou apreensivo, pois cidadãos mais simples podem ter vendido seus dados.”
A CPI da Íris tem como foco investigar as atividades da Tools for Humanity, que, por meio do projeto World ID, estava oferecendo recompensas para coletar dados biométricos de cidadãos em São Paulo. As tensões em torno do tema refletem a importância das discussões sobre privacidade e segurança na era digital.