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Blockchain pode realmente proteger empresas de hackers?

Ataques cibernéticos têm se tornado cada vez mais preocupantes, especialmente no Brasil. Em 2024, estima-se que esses incidentes custaram R$ 2,3 trilhões à economia nacional, o que representa cerca de 18% do PIB. Com um cenário assim, não é surpresa que muitas empresas estejam buscando formas de se proteger contra fraudes digitais. E é aí que a tecnologia blockchain entra em cena como uma possível solução.

O blockchain, com sua estrutura descentralizada, desafia as limitações dos sistemas tradicionais. Muitas vezes, esses sistemas são concentrados em bancos de dados que, se atacados, podem comprometer toda a rede. Na abordagem do blockchain, a lógica é oposta. As informações são distribuídas entre diversos participantes, e cada transação é validada em conjunto, criando uma rede mais robusta e difícil de ser violada.

De acordo com Sofia Düesberg, gerente geral da Conduit no Brasil, essa arquitetura torna as informações mais transparentes e resistentes a manipulações. “Não existe um cofre central. Cada membro da rede possui uma cópia dos dados, o que aumenta a segurança”, comenta. Isso é especialmente relevante para transações internacionais, como é o caso das stablecoins, que criam um histórico confiável para que as empresas possam monitorar.

Além de proteger transações financeiras, o blockchain também desempenha um papel crucial na proteção de contratos digitais, rastreamento de cadeias de suprimentos e garantindo a integridade de identidades digitais. Essas funcionalidades podem aumentar a segurança em operações críticas, trazendo mais confiança para o ambiente corporativo.

O que o blockchain pode (e não pode) fazer pela segurança em ataques hackers

É importante começar a separar o que realmente podemos esperar do blockchain. Um mito comum é que ele é completamente à prova de ataques. Na verdade, embora a tecnologia seja eficaz, ela não elimina os riscos que envolvem o fator humano e outros sistemas adjacentes.

“O blockchain é uma camada de confiança muito forte, mas isso não dispensa a necessidade de boas práticas de segurança”, explica Düesberg. Muitas falhas associadas à tecnologia estão relacionadas a sistemas paralelos, como a má gestão de chaves privadas ou o uso de plataformas de negociação mal protegidas. Portanto, a vulnerabilidade pode estar mais na maneira como utilizamos essas ferramentas.

Outro equívoco é pensar que a descentralização resolve todos os problemas de segurança de uma empresa. Embora isso elimine pontos únicos de falha, a implementação exige planejamento e investimento. Entre os benefícios reais do blockchain estão o controle descentralizado, que previne adulterações e permite a auditoria de todo o histórico de transações, além de proteger dados estratégicos com registros permanentes.

Para as empresas brasileiras, isso representa mais segurança na logística, conformidade regulatória e proteção da propriedade intelectual.

Desafios e o futuro da segurança corporativa

Implementar uma infraestrutura descentralizada não é uma tarefa fácil. Existem custos associados, a necessidade de integrar sistemas legados e uma carência de profissionais capacitados no mercado.

“Embora as empresas reconheçam os desafios, precisam enxergar o valor estratégico que essa transição pode oferecer. A pergunta não é ‘se’, mas ‘como’ e ‘quando’ adotar a tecnologia”, diz Düesberg. Projetos-piloto em áreas específicas, como validação de documentos ou rastreamento de ativos, podem ser um bom caminho para aprender e implementar soluções de forma escalável.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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