Bitcoin cai para US$ 104 mil: compreenda a crise bancária
O mercado de criptomoedas enfrentou uma queda expressiva nesta sexta-feira (17), com o Bitcoin (BTC) sendo negociado por volta de US$ 104 mil. Essa desvalorização de 6,41% nas últimas 24 horas foi influenciada por temores de uma nova crise bancária nos Estados Unidos, levando muitos investidores a buscar ativos mais seguros, como o ouro.
### Crise bancária nos EUA reacende temores no mercado
O alarme foi acionado quando o Zions Bancorporation, um banco regional, anunciou um prejuízo de US$ 50 milhões no terceiro trimestre devido a empréstimos problemáticos. A situação se agravou ao se descobrir que outras instituições, como o Western Alliance, também tinham problemas com os mesmos devedores. Esses fatores reacenderam lembranças da crise bancária de março de 2023, que começou com o colapso do Silvergate Bank. As ações dos bancos regionais desabaram, enquanto o ‘índice do medo’ (VIX) subiu mais de 20%, demonstrando pânico em Wall Street.
### Impacto em cascata: liquidações e fuga para o ouro
A incerteza no setor bancário acabou afetando o mercado de criptomoedas. A relação do BTC com o índice KRE ETF, que rastreia bancos regionais, aumentou para 0,72, um dos maiores níveis do ano, sinalizando que o Bitcoin voltou a ser visto como um ativo de risco. Isso resultou em uma liquidação massiva de US$ 1,2 bilhão em contratos futuros nas últimas 24 horas, com a maioria das perdas, cerca de US$ 916 milhões, vindo de apostas na alta do BTC. Em contrapartida, o ouro chegou a um novo pico histórico, ultrapassando os US$ 4.378 por onça, reafirmando seu status de porto seguro.
### Análise técnica do BTC: suportes e resistências
Na hora de escrever este texto, o BTC estava cotado a US$ 105.346, caindo 5,4% em um dia. A perda do suporte de US$ 108 mil pode abrir espaço para uma correção ainda maior, especialmente com o preço testando sua média móvel de 200 dias. Analistas estão atentos: Marco Aurélio Moreira, da Vault Capital, indicou que o próximo suporte relevante está entre US$ 98.500 e US$ 100 mil. Se a pressão de venda persistir, é possível que o Bitcoin alcance os US$ 98 mil.
### Altcoins seguem o BTC em queda generalizada
A queda do Bitcoin impactou todo o mercado de criptomoedas. O Ethereum (ETH), por exemplo, despencou 6,8% e é negociado a US$ 3.778. O Solana (SOL) sofreu bastante, com um recuo de 8,5%, cotado a US$ 180,43. Até mesmo o XRP registrou queda de 7,0%, valendo US$ 2,28. A capitalização total do mercado de criptomoedas agora está em US$ 3,664 trilhões, uma redução significativa de 6% em apenas 24 horas.
### Paralelos com a crise de 2023 e lições aprendidas
Este cenário traz lembranças da crise bancária de março de 2023, quando falências de bancos médios americanos, como o Silicon Valley e o Silvergate, abalaram os mercados globais. Naquele momento, o BTC sofreu, mas depois se recuperou, mostrando seu potencial como uma alternativa ao sistema bancário tradicional. Guilherme Prado, da Bitget, destaca que o apetite por ouro como porto seguro está criando pressão nos mercados de criptoativos. Normalmente, em crises, investidores tendem a buscar segurança no ouro, o que diminui temporariamente os investimentos em criptomoedas.
### O que esperar para o futuro do BTC?
A curto prazo, a situação continua instável, com os desdobramentos da crise bancária ainda incertos. Mike Ermolaev, da Outset PR, alerta que não há muitos sinais que impeçam uma queda até os US$ 101.000 a US$ 102.000. Para que uma recuperação ocorra, o BTC precisaria ultrapassar a resistência dos US$ 110 mil. André Franco, da Boost Research, acredita que o Bitcoin pode encontrar suporte entre US$ 104.000 e US$ 110.000. No entanto, novas notícias ruins do setor bancário podem empurrar os preços para baixo. A situação é ainda mais complicada com o governo americano enfrentando um ‘shutdown’, o que atrasou a divulgação de dados econômicos e aumenta a incerteza na tela dos investidores.