O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu mudar de posição em relação às tarifas sobre produtos chineses. Após anunciar uma taxação de 100%, ele afirmou que não pretende manter essas tarifas. Essa declaração teve um impacto direto no mercado de criptomoedas, especialmente no preço do Bitcoin.
Durante uma entrevista à FOX Business, Trump foi claro ao responder se continuaria com as tarifas: “não”. Ele também mencionou que os EUA pretendem ser “legais” com a China. Além disso, Trump confirmou uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, que vai acontecer em duas semanas. Isso representa uma guinada na posição que ele tinha antes, quando disse não ter interesse em se encontrar.
Logo após as declarações, o clima no mercado de criptomoedas melhorou um pouco. O preço do Bitcoin, que caiu cerca de 6% para US$ 103.500, subiu novamente para US$ 106.780. A queda percentual, que era mais acentuada, caiu para 1,8%. O Ethereum também apresentou recuperação, subindo de US$ 3.711 para US$ 3.796. Outras criptomoedas, como BNB e Solana (SOL), que tinham despencado mais de 10%, também conseguiram recuperar parte das perdas.
Um “recuo” de Trump
A declaração de Trump de não manter as tarifas acontece apenas uma semana após a sua introdução, que provocou um grande evento de venda no mercado de criptomoedas. Somente no final de semana retrasado, US$ 19 bilhões foram perdidos. O Bitcoin viu seu valor despencar para cerca de US$ 104 mil.
Porém, esse não foi o único fator que afetou o mercado. As tarifas de Trump trazem maior instabilidade, especialmente com a retórica de que os EUA e a China estão em uma “guerra comercial”. Essa nova desistência do presidente contribui para o que se chama de TACO, a sigla em inglês para “Trump Always Chickens Out” (Trump Sempre Amarela). Isso se refere à tendência de Trump de evitar conflitos diretos e recuar em decisões difíceis quando a pressão aumenta.
Críticos afirmam que ele frequentemente opta por não enfrentar a situação real. O risco de uma guerra comercial com a China é elevado, e foi notório quando o mercado de soja dos EUA perdeu US$ 12 bilhões após a China interromper as importações.
Quais fatores levaram a queda do Bitcoin?
Além da guerra comercial, a pressão de venda intensa contribuiu para a queda do Bitcoin. Mineradores venderam mais de 50.000 BTC nesta semana, o que exacerbou a desvalorização da criptomoeda.
Na manhã de sexta-feira, as liquidações totalizaram mais de US$ 1,2 bilhão, levando o Bitcoin a gerar US$ 450 milhões em perdas. Embora o volume tenha diminuído até o fechamento, ainda permanecia em torno de US$ 990 milhões, com o Bitcoin representando US$ 394 milhões desse total, conforme dados da Coinglass.
Outro elemento preocupante são as incertezas sobre perdas em empréstimos bancários, como é o caso do Western Alliance Bancorp e do Zions Bancorporation. As ações de bancos globais também enfrentaram quedas, reacendendo lembranças de 2023, quando o mercado ficou apavorado após o colapso do Silicon Valley Bank.
Por fim, a atual paralisação do governo dos EUA está gerando muitas preocupações. O cenário é incerto, já que a paralisação já dura 17 dias — metade da marca recorde de 35 dias que ocorreu no governo Trump.
Com tudo isso, os investidores estão se afastando de ativos de risco e buscando refúgio em títulos do Tesouro dos EUA e no ouro, que continua a bater recordes. O preço do ouro, por exemplo, subiu para US$ 4.300, e os tokens de ouro foram as únicas criptomoedas no Top 100 a registrar ganhos neste período.
