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Bitcoin completa 17 anos e se firma como “ouro digital” global

Em 31 de outubro de 2008, durante a crise financeira que abalou o mundo, um usuário conhecido pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto fez algo que mudaria a forma como enxergamos o dinheiro. Ele enviou uma mensagem para uma lista de e-mails de criptografia, anexando um pequeno documento que ficou conhecido como o white paper do Bitcoin.

Com apenas nove páginas, esse texto apresentou uma nova maneira de lidar com dinheiro: um sistema de transações eletrônicas entre pessoas, sem precisar de intermediários, tudo isso apoiado por uma rede descentralizada e segura. Assim, o Bitcoin dava seus primeiros passos como o ativo digital que se tornaria um verdadeiro gigante no século XXI.

Hoje, dezessete anos depois, o Bitcoin deixou de ser apenas um experimento alternativo para se firmar como uma classe de ativo global. Com um valor de mercado superior a 2 trilhões de dólares, o Bitcoin atrai cada vez mais a atenção de grandes instituições e se espalha pelo mundo.

O impacto do white paper de Satoshi

Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, vê o white paper como um marco histórico. Para ele, o texto inaugurou um “novo paradigma econômico”, onde transações poderiam ocorrer diretamente entre indivíduos, sem depender de bancos ou governos. Essa ideia foi inspiradora e fez parte da motivação para criar a Ripio em 2013.

Já nos dias de hoje, Serrano observa que o impacto do Bitcoin é evidente. Ele se tornou um ativo reconhecido por milhões como uma forma válida de reserva de valor e meio de pagamento. Dados indicam que empresas de capital aberto estão segurando aproximadamente 118 bilhões de dólares em Bitcoin, uma prova do crescente interesse institucional.

Esse movimento reflete como o mercado está amadurecendo. Além disso, a presença do Bitcoin é particularmente importante na América Latina, onde a inflação e a instabilidade cambial são grandes preocupações. Neste cenário, o Bitcoin se apresenta como uma alternativa real para proteger o poder de compra. Em 2022, a adoção de criptomoedas na região cresceu 63%, posicionando o Brasil como o quinto maior mercado mundial.

O panorama atual do esquema cripto

A recente aprovação dos ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos, em janeiro de 2024, trouxe uma nova onda de confiança ao mercado. Com 161 bilhões de dólares sob gestão, esse foi um dos maiores lançamentos de ETF da história, ajudando a aumentar a liquidez do ativo. Em outubro de 2025, o Bitcoin alcançou uma nova máxima histórica de 126.199 dólares.

Apesar de enfrentar desafios geopolíticos e a volatilidade típica dos mercados, o Bitcoin tem se mostrado resiliente. Nos últimos três anos, seu valor subiu 688%, simbolizando uma opção de estabilidade em tempos incertos.

Bitcoin e o investidor brasileiro

A popularidade do Bitcoin no Brasil não para de crescer, refletindo na forma como as pessoas investem. Michael Rihani, diretor de Nubank Cripto, afirma que o Bitcoin representa uma nova abordagem para o dinheiro: mais seguro, transparente e acessível. Esse mercado opera 24/7, tornando mais fácil para os brasileiros diversificarem seus investimentos. Curiosamente, mais da metade dos depósitos feitos via blockchain no Nubank são em Bitcoin, o que mostra que esse ativo é um passo de entrada importante para novos investidores.

A integração do Bitcoin com o sistema financeiro tradicional ajudou a consolidar sua popularidade. Os ETFs e BDRs disponíveis na B3 aproximam ainda mais o ativo do investidor comum.

Rihani acredita que o futuro do Bitcoin se pautará principalmente em dois aspectos: pagamentos e inclusão financeira. Ele vê a Lightning Network, uma tecnologia de segunda camada, como uma forma de transformar o Bitcoin em um método de pagamento mais rápido e barato. Isso poderia facilitar seu uso cotidiano, em compras e remessas.

Um legado que molda o futuro

De um simples e-mail anônimo em 2008 a um ecossistema bilionário em 2025, o Bitcoin percorreu um caminho surpreendente. O white paper de Satoshi Nakamoto semeou uma revolução que desafia instituições monetárias tradicionais, inspira startups e redefine a relação da sociedade com o dinheiro.

Rony Szuster, do Mercado Bitcoin (MB), afirma que o ativo está passando por um momento de ajuste. Recentemente, o mercado enfrentou quedas precipitadas devido a fatores externos, como tensões comerciais entre potências. Contudo, Szuster acredita que momentos de incerteza costumam preceder ciclos de recuperação.

Com sua evolução desde 2009, o Bitcoin não apenas se estabeleceu, mas prosperou, transformando-se em uma parte significativa do sistema financeiro global. Esses dezessete anos demonstram que o Bitcoin não é apenas uma ideia remota, mas uma realidade tangível que continua a se expandir.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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