Deputado da família real diz que Bitcoin é o novo poder
A ascensão do Bitcoin parece estar ditando um novo compasso na relação entre governos e populações. Durante a Satsconf 2025, o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança, da família real brasileira, compartilhou suas impressões sobre como as tecnologias descentralizadas estão mudando o panorama. Ele acredita que a capacidade dos Estados de controlar a moeda está diminuindo e que isso é um sinal importante para a liberdade individual.
De acordo com o deputado, os governos enfrentam um desgaste em seu poder de ação e persuasão. “O Bitcoin se tornou um símbolo dessa mudança”, ressaltou. Para ele, as tentativas dos governos de regulamentar essas inovações, na verdade, representam um esforço para se manter relevantes em um cenário em que suas funções tradicionais estão sendo questionadas.
Orleans e Bragança menciona a liberdade contratual, afirmando que cada pessoa deve ter o direito de escolher a forma de pagamento que preferir, seja em Bitcoin, prata ou qualquer outra moeda. “O governo não deve interferir nessa escolha”, completou.
Reserva de Bitcoin como defesa da soberania
O evento também contou com a presença do deputado Eros Biondini, que trouxe à tona seu projeto de lei 4501/2024. Essa proposta sugere que o Tesouro Nacional brasileiro faça uma reserva estratégica em Bitcoin, junto com ativos mais convencionais, como dólares e ouro.
Biondini argumenta que diversificar as reservas em Bitcoin pode trazer uma proteção maior ao Brasil em momentos de crises econômicas. “Atualmente, mais de 80% das nossas reservas estão em dólar, o que nos torna vulneráveis às decisões de política econômica dos EUA”, explicou. Para ele, o Bitcoin é uma opção sólida, já que é descentralizado e, por isso, não está à mercê de bancos centrais.
Ele também mencionou que a ideia vem sendo debatida com especialistas e entusiastas em tecnologia. “Em estados como Texas e Arizona, já há iniciativas semelhantes, assim como em El Salvador, que têm mostrado os benefícios dessa inclusão”, destacou.
No entanto, Biondini reconheceu que ainda há um longo caminho pela frente, principalmente no Congresso, onde a visão sobre o Bitcoin ainda é bastante cética. “Muitos ainda têm uma visão negativa, enxergando o Bitcoin apenas como um investimento arriscado, mas isso deve mudar com o tempo”, avaliou.
El Salvador, Rolante e a bitcoinização do futuro
Biondini também usou exemplos de El Salvador e da cidade gaúcha de Rolante, chamada de “cidade do Bitcoin”, para mostrar os impactos positivos da adoção da criptomoeda. “Em Rolante, 40% do comércio já lida com Bitcoin. E, durante as inundações no Rio Grande do Sul, essa rede ajudou a facilitar doações e a salvar vidas. É uma ferramenta social e humanitária também”, comentou.
Pedro Guerra, que é chefe de gabinete do vice-presidente, Geraldo Alckmin, disse que o Bitcoin já está entrando nas discussões de políticas públicas. “Embora o governo ainda pareça atrasado nesse tema, o interesse está crescendo. Com 32 estados nos EUA estudando a possibilidade de reservas em Bitcoin, até bancos tradicionais já enxergam um futuro promissor”, afirmou.
Orleans e Bragança resumiu bem a questão: com a perda do controle da moeda, os governos precisam se tornar mais responsáveis. “A estabilidade financeira gera riqueza, e o Bitcoin pode ser um caminho para alcançar isso. Se os governos não ouvirem esse sinal, podem se tornar irrelevantes”, concluiu.





