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Inmetro apresenta plataforma blockchain que recompensa motoristas

Nos últimos dias, a Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), foi palco de um encontro animado. O assunto? O encerramento do projeto MobiCrowd. Essa iniciativa, que vem sendo coordenada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), traz uma proposta inovadora para a mobilidade nas cidades: recompensar motoristas que dirigem de maneira eficiente e sustentável.

Com um investimento de R$ 1 milhão pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o projeto teve uma duração de 42 meses. O Inmetro e a UFF trabalharam juntos para desenvolver soluções que misturam tecnologia nacional, ciência e um impacto positivo para o meio ambiente. Parte dos recursos foi destinada à criação do V2Lab — um laboratório de tecnologias veiculares que conta com infraestrutura de última geração, incluindo uma rede 5G privativa, instalada diretamente no campus da UFF.

No evento de encerramento, os pesquisadores do Inmetro compartilharam os resultados do projeto. O coordenador geral, Raphael Machado, apresentou as inovações do sistema inteligente criado para coletar, analisar e monetizar dados dos veículos. Outros dois especialistas, Wladmir Chapetta e Wilson Melo Júnior, discutiram as futuras parcerias entre instituições públicas, privadas e acadêmicas, abrindo caminho para novas colaborações.

Uma das grandes inovações do projeto é a plataforma baseada em blockchain, que permite aos motoristas compartilharem informações sobre seu estilo de condução, o consumo de combustível e as emissões de poluentes. E o melhor: eles são recompensados por isso! A expectativa é que os motoristas possam receber até R$ 0,10 por litro de combustível economizado. A segurança das informações é um ponto forte, com a utilização de tecnologias avançadas que garantem a privacidade dos dados.

Chapetta destaca uma transformação significativa: “Estamos dando um novo papel ao carro. Ele deixa de ser apenas um meio de transporte e se torna um sensor urbano, gerando dados que podem contribuir para políticas públicas e planejamento urbano”. Essa mudança também envolve a população, reposicionando o cidadão como um protagonista na mobilidade inteligente.

Os testes realizados em veículos urbanos geraram mais de 200 GB de dados, que alimentam modelos de inteligência artificial, proporcionando medições mais precisas das emissões. Essa abordagem leva em consideração toda a cadeia produtiva, incluindo veículos elétricos, permitindo comparações mais justas com motores a combustão que operam com biocombustíveis.

Com cerca de 25 milhões de veículos já adaptados ao sistema via porta OBD-II no Brasil, o projeto MobiCrowd tem um potencial imenso para crescer. Agora, ele entra em uma nova fase, com previsão de um investimento adicional de R$ 3 milhões, focado na validação comercial da tecnologia e na formação de parcerias estratégicas.

Além de sua atuação técnica, o Inmetro também investiu na formação dos jovens, com mais de 20 estudantes envolvidos nas pesquisas. O projeto também inspirou a criação do Descarbonize.AI, uma aliança nacional para a mobilidade limpa, que envolve empresas como Volkswagen e Stellantis, além de universidades federais do Nordeste.

Raphael Machado complementa: “O MobiCrowd é um exemplo da capacidade do Inmetro de liderar a transformação digital e sustentável da mobilidade no Brasil”. O presidente do Inmetro, Márcio André Brito, enfatiza a importância da ciência e inovação como motores da transformação social, destacando que “tecnologia com propósito pode levar a uma sociedade mais sustentável e conectada”.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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