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Adoção de stablecoins cresce na Venezuela com crise econômica

A adoção de criptomoedas tem crescido em todo o mundo, e a América Latina não fica de fora dessa tendência. Um dos países que mais se destacou nesse cenário é a Venezuela, onde as stablecoins ganharam destaque como uma verdadeira salvaguarda para muitas famílias. Com uma economia em crise, essas moedas digitais se tornaram, para muitos, uma forma de sobreviver.

Nos últimos doze meses, o bolívar venezuelano enfrentou uma derrocada impressionante, perdendo mais de 70% de seu valor. Segundo dados de instituições financeiras do país, a taxa de inflação anual chegou a alarmantes 107%. Um cenário nada incentivador, levando os venezuelanos a se afastarem de sua moeda e buscarem alternativas mais seguras, como as stablecoins.

Com a crise econômica se arrastando por mais de dez anos, a população encontrou nas stablecoins um novo caminho. Um levantamento recente aponta que a Venezuela ocupa o 13º lugar no mundo em adoção de criptomoedas e é a segunda na América Latina, ficando atrás apenas do Brasil. Em apenas um ano, a adoção de criptomoedas no país cresceu 110%. Esse movimento se intensificou, especialmente após a diminuição das reservas de dólares, levando mais pessoas a buscar formas alternativas de transacionar seus recursos.

Muitas transações diárias passam a ser feitas com stablecoins como o Tether (USDT), que mantém sua paridade com o dólar americano. Já é comum encontrar comerciantes que precificam seus produtos em dólares e aceitam pagamentos com essas moedas digitais.

Venezuelanos usam stablecoins para fugir da crise

A presença das criptomoedas na Venezuela é evidente em todos os lugares. Até mesmo autoridades governamentais têm utilizado o USDT para contornar as sanções impostas, principalmente pelos Estados Unidos. Pequenas lojas de família e grandes redes de varejo já aceitam pagamentos em criptomoedas, refletindo uma aceitação generalizada no dia a dia.

Um morador de Caracas, Víctor Sousa, compartilha que utiliza o USDT para fazer compras e planeja investir suas economias em criptomoedas. Para ele, essa é a única maneira de proteger seu dinheiro da desvalorização cotidiana. A prática é comum entre muitos, que buscam maneiras de estabilizar suas finanças.

As universidades também perceberam essa tendência e começaram a oferecer cursos focados em criptomoedas. O economista Aarón Olmos menciona que a busca por esse tipo de conhecimento é crescente, visto que, na Venezuela, a inflação persiste em alta e os salários permanecem baixos, além das dificuldades em abrir contas bancárias tradicionais. Para a população, as criptomoedas parecem ser uma solução mais do que uma mera opção.

Entretanto, a postura do governo venezuelano em relação às criptomoedas é um tanto contraditória. De um lado, usam stablecoins para evitar sanções; do outro, em 2024, o governo de Nicolás Maduro proibiu a mineração de Bitcoin e outras criptomoedas. Mas mesmo assim, a adoção por parte dos cidadãos não parou. Desde 2018, muitos têm recorrido a essas moedas digitais como uma alternativa viável ao colapso econômico.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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