Notícias

Analistas apontam possibilidade de alta no mercado

Após alguns dias de muita oscilação, com o preço do Bitcoin girando entre US$ 109 mil e US$ 110 mil, os investidores começaram a prever até uma queda para US$ 85 mil. Mas, surpreendentemente, os touros do mercado conseguiram empurrar o preço do BTC para cima, resultando em uma alta de mais de 2%, alcançando US$ 111 mil — uma valorização diária que beirou os 3%.

Essa reação do Bitcoin veio logo após um anúncio da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e da Commodity Futures Trading Commission (CFTC). Eles esclareceram que as bolsas regulamentadas podem sim negociar criptomoedas à vista, incluindo produtos com alavancagem e margem. Essa notícia é um grande passo, pois abre possibilidades para que grandes bolsas, como Nasdaq e New York Stock Exchange, comecem a listar produtos de criptomoedas — algo que até então não era permitido.

Com a confiança dos investidores em alta, a demanda por ativos digitais, especialmente o Bitcoin, tende a crescer. O BTC tem sido chamado de “ouro digital” e essa mudança nas regras traz um novo fôlego para o mercado. Outro elemento que pode ter contribuído para essa valorização foi a expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed), o que sempre anima os investidores.

No entanto, o cenário não é só de entusiasmo. Aqueles que apostavam na queda do Bitcoin, conhecidos como traders em short, perderam mais de US$ 35,5 milhões em um período curtíssimo de quatro horas.

“Setembro Vermelho” e os Desafios Históricos

Embora o clima seja otimista agora, setembro é historicamente um mês complicado para o Bitcoin. Segundo dados da CryptoQuant, os retornos médios em setembro ficam entre -5% e -10%, fazendo desse um dos períodos mais desafiadores do ano.

A consultoria XWIN Research Japan observou que eventos políticos e econômicos anteriores reforçaram essa tendência. Em 2017, por exemplo, a tensão com a Coreia do Norte e a proibição de ICOs na China fizeram o BTC despencar de US$ 5.000 para US$ 3.000. Já em 2021, o risco de calote da Evergrande e os problemas com o teto da dívida dos EUA pressionaram o preço para baixo, de US$ 52 mil para US$ 41 mil.

De acordo com XWIN, “setembro é um mês historicamente desafiador para o Bitcoin, pois ativos de risco costumam sofrer com a aversão global”. Contudo, o cenário para 2025 pode ser diferente. A expectativa de cortes de juros pelo Fed, aliada a um ar de trégua nas tensões geopolíticas, pode ajudar a evitar a repetição desse padrão negativo.

Análises Técnicas: Sinais Mistos

O recente movimento de alta também pode ser entendido através de análises técnicas. Ana de Mattos, uma analista e trader parceira da Ripio, destacou que o Bitcoin encontrou um suporte importante na mínima de US$ 107.255, o que ajudou na recuperação do preço.

Ela comenta: “Após tocar a mínima ontem, o Bitcoin se recuperou rapidamente e já está acima de US$ 111 mil. Se continuar nesse ritmo, a resistência imediata está em US$ 111.500 e US$ 112.330. Se houver uma reviravolta, os suportes são bem definidos em US$ 107.420 e US$ 105.000.”

Por outro lado, Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, notou um clima de cautela entre os investidores, mas também a movimentação das chamadas “baleias” — grandes investidores que estão acumulando Bitcoin entre US$ 107 mil e US$ 110 mil. Segundo ele, a quebra do nível de US$ 110.600 poderia levar a um movimento rumo a US$ 112 mil. No entanto, se o suporte em US$ 107 mil for perdido, as coisas podem rapidamente se complicar.

Ainda, Prado observa que o sentimento no mercado é frágil, especialmente após liquidações de mais de US$ 200 milhões em agosto e saídas de ETFs que superaram US$ 750 milhões. O Fear & Greed Index, atualmente em 39 pontos, reflete esse clima de “medo cauteloso”.

MVRV e Volume à Vista: Termômetro do Mercado

Outro indicador importante é a relação MVRV (Market Value to Realized Value). Este dado mostra que o mercado ainda não atingiu níveis de euforia, mas também não está em um grande desconto.

Mike Ermolaev, analista e fundador da Outset PR, acredita que a sustentabilidade dessa alta vai depender de um aumento consistente no volume à vista. Até agora, a maior parte das negociações está sendo impulsionada pelo mercado de derivativos.

Estudos recentes ressaltam que os grandes ralis do Bitcoin, como o que aconteceu em 2021, ocorreram em momentos de crescimento robusto no volume de negociações à vista. Quando o volume à vista e o de derivativos avançam juntos, a tendência de alta se fortalece.

Ermolaev ressalta: “Se o volume à vista não crescer, é bem provável que o Bitcoin continue nesse vai e vem, com apenas uma alta sólida na demanda real capaz de dar início a outro ciclo de valorização.”

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo