Baleias investem em Bitcoin temendo riscos sob Trump
O Bitcoin continua chamando atenção, com seu valor avançando para US$ 118,3 mil, um crescimento de 0,7% nesta quinta-feira (31). Enquanto isso, as grandes baleias do mercado estão acumulando a criptomoeda, e essa jogada parece refletir as preocupações gerais em relação ao dólar americano, especialmente por causa do alto endividamento dos Estados Unidos.
Recentemente, a Santiment, uma plataforma que monitora dados de criptomoedas, fez um alerta interessante: carteiras que possuem entre 10 e 10 mil Bitcoins acumularam um total de 218.570 novos BTC desde o final de março. Essas carteiras detêm juntos 68,44% de todo o fornecimento de Bitcoin, o que significa que essas baleias estão aumentando seus estoques, adicionando cerca de 0,9% de todas as moedas disponíveis.
Além disso, a plataforma destacou que os fundos negociados em bolsa (ETFs) de Bitcoin têm mostrado ótimos sinais de confirmação nesse cenário de valorização das criptomoedas. Nos últimos 33 dias movimentados, 29% desses ETFs registraram entradas líquidas significativas, somando bilhões de dólares.
Luke Gromen, um investidor experiente, ligou o aumento na adoção de tesoureiras de Bitcoin aos riscos que o dólar americano enfrenta. Segundo ele, a inflação causada pela emissão de papel-moeda pode levar a economia dos EUA a um cenário semelhante ao da Argentina. O que ele menciona é a necessidade do governo americano de honrar seus compromissos financeiros, o que, segundo ele, pode resultar em uma desvalorização do dólar.
Gromen também trouxe à tona o “Big Beautiful Bill”, um projeto de lei de Donald Trump que foi aprovado recentemente. Essa proposta, bastante extensa, destina recursos para controle de imigração e reduz incentivos à produção de energia limpa. A medida, segundo estimativas, poderá elevar a dívida federal dos EUA em impressionantes US$ 3,8 trilhões. Isso tudo se desenrola em um momento em que as agências de crédito já rebaixaram a nota dos Estados Unidos.
Para Gromen, isso acentua o risco da inflação. Ele acredita que o governo pode acabar emitindo mais moeda para cobrir os juros da enorme dívida. Nesse contexto, as tesourarias que estão investindo em Bitcoin já perceberam essa tendência.
Ele também levantou a questão de que, ao invés de um título do Tesouro americano, muitos investidores agora considerariam opções mais seguras, como ações da Apple ou da Microsoft, por conta do aumento do risco de crédito.
Falando sobre as taxas de juros, o Federal Reserve (Fed) decidiu manter a taxa básica entre 4,25% e 4,50%. Essa decisão foi cercada de críticas, especialmente da parte de Trump, que está pressionando por cortes nas taxas. Dois membros do Comitê Federal de Mercado Aberto se opuseram à decisão, sugerindo um corte de 0,25%.
Ainda que Powell, o presidente do Fed, tenha sinalizado que poderia haver uma redução nas taxas em setembro, deixou claro que não está ali para facilitar o financiamento ao governo. As próximas reuniões trarão dados cruciais sobre a inflação e o emprego, que influenciarão as decisões.
Por fim, essa dinâmica toda ilustra um período em que o crescimento do PIB dos EUA foi positivo, superando expectativas e ligado, em grande parte, a queda nas importações devido às tarifas de Trump.