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Banco Central avança com a tokenização no sistema financeiro

Durante uma conversa no BC Trends, o consultor Antonio Marcos Guimarães, que faz parte do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, destacou que a tokenização pode mudar radicalmente a economia brasileira. Para ele, o impacto vai além de apenas digitalizar ativos; trata-se de criar um novo jeito de conectar diferentes instrumentos financeiros.

Imagine um jogo de blocos de LEGO: cada token representa uma parte do quebra-cabeça financeiro, como um crédito ou um seguro. Esses blocos se juntam de forma automática, com regras e prazos já definidos na programação. Essa abordagem não só otimiza custos operacionais como também aumenta a segurança e a transparência das transações.

Dentre as vantagens, Antonio ressaltou que a tokenização tem o poder de transformar ativos que antes eram pouco líquidas. Ele deu o exemplo de um CDB, que pode ser fragmentado em tokens e negociado facilmente em um marketplace, independentemente da data de vencimento original. Isso significa que o banco poderá alongar sua dívida, enquanto os clientes têm a liberdade de vender suas frações quando desejarem, promovendo uma dinâmica de mercado mais eficiente.

Revolução da tokenização

A tokenização não só representa uma revolução técnica, mas também democratiza o acesso ao mercado financeiro. Já existem iniciativas onde imóveis, cédulas de crédito e até títulos do agronegócio são tokenizados e disponíveis na blockchain. No entanto, a falta de um marco legal adequado pode ser um entrave para esse crescimento.

Muitos empreendedores estão receosos devido à incerteza jurídica. Eles hesitam em avançar porque não está claro se os tokens serão considerados como valores mobiliários ou crédito comum. Antonio defendeu que é vital ter uma regulamentação clara, parecida com a legislação MiCA da Europa, que define categorias para ativos digitais e suas responsabilidades.

Ele também sugeriu que os tokens precisem ter reconhecimento como títulos de crédito, para aumentar a segurança jurídica dos investidores e a previsibilidade do mercado.

Integração com o Drex do Banco Central promete reduzir burocracia

A integração com o Drex, a moeda digital que está sendo desenvolvida pelo Banco Central, também é um ponto crucial nessa discussão. Gabriel Stievano Giannoni, diretor de produtos do Mêntore, acredita que o Drex facilitará muito as transações financeiras, que hoje exigem processos manuais e cartoriais, tornando tudo mais ágil e eficiente.

A inclusão financeira pode ser uma realidade com microtransações digitais, alcançando populações que atualmente estão fora do sistema financeiro. Por exemplo, um produtor rural pode conseguir empréstimos rapidamente, utilizando garantias tokenizadas da sua produção, tudo sem precisar sair da propriedade.

Especialistas pedem ação rápida, normas claras e cooperação institucional

Giannoni também viu no Drex uma chance de conectar fintechs, cooperativas e carteiras digitais, criando soluções para as necessidades locais. Essa modernização trará segurança, transparência e inovação, abrindo espaço para novos modelos de negócios que ainda nem existem.

O Banco Central tem como visão que a tokenização seja o novo padrão, e não uma exceção na economia. Para isso, é preciso agir rapidamente. Antonio sugere que, para o Brasil se destacar nesse processo, é essencial haver uma coordenação eficaz entre o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), além de promover testes em ambientes regulatórios controlados.

Ele acredita que o Brasil está em uma posição privilegiada para liderar essas inovações. A mensagem é clara: a tokenização possui um potencial enorme, e todo o progresso agora depende das ações que tomarem.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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