Bancos realizam a maioria das transferências de criptomoedas off-chain
A Ripple, uma das principais empresas por trás da criptomoeda XRP, passou a ser alvo de críticas na comunidade cripto recentemente. Isso aconteceu depois que Andrei Jikh, um influente empreendedor digital, questionou a transparência e os projetos da empresa. Nos seus comentários feitos pelo X, Jikh destacou a ausência de dados que confirmem a alegação da Ripple sobre ter formado mais de 300 parcerias bancárias ao longo de seus 13 anos de atuação.
David Schwartz, o diretor de tecnologia da Ripple, não hesitou em responder. Ele abordou as seis perguntas levantadas por Jikh e defendeu a maneira como a empresa se posiciona em relação à transparência, aos dados e à adoção por parte das instituições.
Schwartz comentou que a preferência das instituições por ativos digitais off-chain acontece por várias razões. Ele observou que até mesmo a própria Ripple não utiliza transações descentralizadas na sua plataforma, o XRP Ledger (XRPL).
Adaptação lenta à abordagem on-chain
Apesar de ter afirmado essa preferência pelas operações off-chain, Schwartz acredita que essa tendência está em transformação. Segundo ele, as instituições começam a perceber os benefícios de migrar para soluções on-chain. Contudo, ele também concordou que essa mudança está ocorrendo a passos lentos. Uma das razões é a preocupação da Ripple em relação ao financiamento do terrorismo, que a impede de usar sua exchange descentralizada para pagamentos. “Não dá para garantir que um terrorista não vai fornecer liquidez para um pagamento”, explicou.
Ele sugeriu que recursos como “domínios permissionados” poderiam ajudar a lidar com essa situação, mas não entrou em detalhes sobre como isso funcionaria na prática.
Entendendo o XRPL
Para quem não sabe, o XRPL é uma blockchain descentralizada e de código aberto que sustenta a criptomoeda XRP. Lançada em 2012, essa tecnologia é apresentada pela Ripple como uma “blockchain pública descentralizada voltada para negócios”. Recentemente, o XRPL se tornou o centro de várias parcerias corporativas, incluindo iniciativas de tokenização com o governo de Dubai e com a Guggenheim, uma empresa de investimentos dos Estados Unidos.
No entanto, mesmo com esse crescimento de interesse institucional, ainda faltam ferramentas de rastreamento on-chain que revelem como essas parcerias estão se traduzindo em transações reais na rede. Dados do DeFiLlama indicam que o valor total bloqueado em aplicações de finanças descentralizadas no XRPL gira em torno de US$ 81,8 milhões. No entanto, Schwartz destaca que a maioria das atividades institucionais acontece fora da blockchain, o que dificulta o rastreamento.
Queda na atividade do XRPL
Depois de um período considerável de crescimento em 2024, a atividade na blockchain XRPL experimentou uma queda significativa no primeiro trimestre de 2025. Um relatório publicado pela Ripple em maio deste ano revelou uma diminuição de 30% a 40% na criação de novas carteiras e no volume de transações. Esse padrão de queda também foi observado em outras grandes blockchains, como Bitcoin e Ethereum, mas os números exatos não foram divulgados.
O mesmo relatório ainda destacou que o setor de finanças descentralizadas (DeFi) no XRPL se mostrou mais resistente, já que o volume de negociações na exchange descentralizada teve uma queda de apenas 16% em relação ao trimestre anterior.
Alterações nos relatórios da Ripple
Outro ponto relevante que surgiu nesse relatório trimestral é a decisão da Ripple de descontinuar a forma atual do relatório XRP Markets a partir do segundo trimestre de 2025. “Embora o formato do relatório esteja passando por uma evolução, a Ripple continuará a compartilhar atualizações relevantes sobre a empresa e o XRP por meio de seus canais oficiais”, afirmou a empresa.
A Ripple também expressou que espera que novas análises surjam à medida que mais instituições se engajem com o XRP, enriquecendo assim o debate sobre o mercado de criptomoedas.