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BC analisa novas opções para o Drex

O Banco Central está em busca de novas maneiras de fazer a tokenização de ativos reais que não dependam da tecnologia blockchain, tudo isso no contexto do projeto do Drex. Recentemente, Fabio Araujo, que coordena o Drex, compartilhou detalhes sobre a próxima etapa do desenvolvimento da moeda digital do Banco Central (CBDC), que funcionará sem o uso da blockchain.

Durante um painel sobre a economia tokenizada, Araujo explicou que a tecnologia de registro distribuído (DLT), presente nas redes de blockchain, expõe informações sensíveis, funcionando como uma “caixa de vidro”. Ele comentou que a ideia é explorar a tokenização fora dessa estrutura, buscando soluções que garantam mais conforto do ponto de vista regulatório. Essa decisão, segundo ele, se deve tanto às dificuldades de privacidade enfrentadas nas fases anteriores do Drex quanto às leis que protegem os dados dos cidadãos, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Araujo destacou que, enquanto alguns Bancos Centrais debatem sobre o nível de privacidade a ser oferecido, o Brasil já possui a LGPD, que assegura um alto nível de proteção dos dados. Para ele, o Banco Central não pode reverter essa realidade que já foi estabelecida pela sociedade.

Drex sem blockchain

Antes mesmo de divulgar os resultados da segunda fase do Piloto Drex, Araujo anunciou uma mudança de estratégia focada no desenvolvimento de soluções para a conquista de garantias em operações de crédito, como veículos e imóveis. O principal objetivo é facilitar o acesso ao crédito, permitindo uma experiência rápida e eficaz para os usuários, como mencionou em um evento recente.

Ele observou que, atualmente, é complicado usar ativos registrados em corretoras como garantias em empréstimos. Mesmo sem recorrer à DLT, o Drex pretende conectar diferentes sistemas, estabelecendo uma comunicação em tempo real entre as instituições financeiras. Essa abordagem visa simplificar a comprovação de propriedade e assegurar a segurança legal dos empréstimos garantidos por ativos.

Apesar de essa mudança ser um retrocesso, segundo Marcos Viriato, CEO da Parfin, que trabalha na área, pelo menos três dos 13 casos de uso testados na fase 2 do Drex estão prontos para operação. Viriato sublinhou que a tokenização e a evolução da indústria não vão parar, seja qual for o rumo do projeto.

Ele ressaltou que alguns bancos e consórcios que não viam o Drex como uma prioridade talvez reavaliem seus projetos, mas aqueles que acreditam no futuro da economia tokenizada devem continuar em frente.

Vale mencionar que a escolha do Banco Central de focar em soluções voltadas para o mercado interno pode comprometer a integração da CBDC do Brasil na economia digital global. Ricardo Santos, um engenheiro que esteve envolvido nas testes do Drex, já tinha alertado sobre as diferenças entre o mundo das criptomoedas, que já está avançando, e o modelo mais fechado e centralizado que o Drex propõe.

A expectativa é que o relatório da fase 2 do Piloto Drex seja divulgado em outubro, trazendo mais clareza sobre o futuro desse projeto.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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