BC da Coreia do Sul alerta sobre estabilidade das stablecoins
O Banco da Coreia (BOK) divulgou um relatório que coloca em pauta as preocupações acerca das stablecoins vinculadas ao won. O documento faz paralelos com falhas históricas em sistemas monetários, mostrando que a confiança é mais crucial do que a tecnologia por trás desses ativos. Para o banco, as inovações em blockchain não garantem, por si só, a estabilidade que muitos esperam.
Os riscos de stablecoins desancorarem — isto é, perderem a paridade prometida de 1:1 com sua moeda subjacente — são um dos principais problemas levantados. Um exemplo citado foi o colapso do projeto Terra/Luna, onde a promessa de manter “1 moeda = 1 dólar” ruía em poucos dias, deixando muitos investidores em apuros. E mesmo as stablecoins mais conhecidas, como a USDC, não estão totalmente seguras; durante a crise da Silicon Valley Bank, chegou a ser negociada a apenas US$ 0,88.
Além disso, o BOK frisou que as preocupações são ainda maiores com stablecoins que não têm lastro em dólar, especialmente as que têm circulação limitada. Mesmo aquelas atreladas ao euro, que é a segunda maior moeda de reserva global, foram consideradas “particularmente vulneráveis”. Apesar de sua abordagem cautelosa, o banco deixou claro que não visa barrar a inovação, mas sim promover um desenvolvimento que seja seguro e sustentável.
Riscos da Perda de Paridade das Stablecoins
A principal preocupação do BOK é o chamado “risco de desancoragem”. Isso significa que, em alguns momentos, as stablecoins não conseguem manter seu valor fixo, fazendo os investidores perderem confiança. Como exemplo, o colapso de projetos como o Terra/Luna mostra o quão rapidamente isso pode acontecer. A stablecoin que exigia segurança de “1 moeda = 1 dólar” se desfez em um piscar de olhos, levando à ruína muitos de seus apoiadores.
O relatório ainda ressalta que, mesmo as stablecoins lastreadas em dólar, como a USDC, podem enfrentar desvalorizações. Durante a crise do Silicon Valley Bank, ela chegou a descer para US$ 0,88, trazendo uma onda de incerteza para o mercado cripto. Para o BOK, o cenário não é muito promissor, principalmente quando falamos sobre stablecoins não vinculadas ao dólar.
O Papel dos Bancos
Por outro lado, o Banco da Coreia opinou que as empresas que pretendem emitir stablecoins devem ter um papel público robusto. Isso inclui ter mecanismos que possam compensar os investidores caso ocorra uma quebra na promessa de paridade com o won. Se um emissor não gerenciar adequadamente seus ativos ou se esses ativos desvalorizarem, a credibilidade se esvai rapidamente.
A instituição também reforçou a necessidade de coordenação entre as agências regulatórias para implementar políticas que garantam a segurança desses novos ativos. O BOK está, inclusive, conduzindo o Projeto Hangang, que visa criar tokens de depósito utilizando a própria infraestrutura de blockchain dos bancos de forma segura.
Recentemente, a custodiante de ativos digitais BDACS lançou a KRW1, a primeira stablecoin regulamentada que é lastreada em won, em parceria com o Woori Bank. Essa moeda é baseada na blockchain Avalanche, um diferencial que a torna atrativa por seu reconhecido potencial de aplicação em setores públicos.
O vice-governador do BOK, Ryoo Sang-dai, mencionou que, no futuro, seria interessante permitir a emissão de stablecoins apenas por bancos, expandindo isso gradualmente para outras entidades, em resposta ao crescente volume de negociações. Já o Partido Democrático, que está no comando, se comprometeu a criar uma Força-Tarefa de Ativos Digitais para desenvolver legislações que protejam a soberania monetária do país.
Essas discussões mostram que, enquanto o mundo se adapta a novas estruturas financeiras, o papel da confiança continua sendo vital. O BOK, por sua vez, busca entender esse novo ecossistema e como pode se integrar de maneira eficaz.





