Binance busca retorno aos EUA após perdão de Trump a CZ
A Binance está, novamente, no centro das atenções ao planejar sua volta ao mercado americano. Isso acontece após um perdão presidencial concedido por Donald Trump ao fundador da plataforma, Changpeng Zhao. O clima parece promissor para a exchange, que analisa alternativas para fundir sua subsidiária nos Estados Unidos com a operação global. Outra possibilidade que está em debate é permitir que a Binance atenda diretamente os investidores americanos, conforme informações da Bloomberg.
Esse perdão foi anunciado no dia 22 de outubro, logo após Zhao se declarar culpado em 2023 por não cumprir normas de combate à lavagem de dinheiro. A decisão gerou bastante discussão, especialmente considerando a recente parceria da Binance com a World Liberty Financial, uma empresa ligada à família Trump, que fez um acordo de US$ 2 bilhões.
Logo após o perdão, Zhao expressou suas intenções de fazer com que os Estados Unidos se tornem a capital das criptomoedas e fortalecer o Web3 no global. Esse anúncio provocou uma alta de 8% no valor do BNB, o token nativo da Binance.
Perdão abre caminho para expansão da Binance nos EUA
Esse perdão presidencial traz uma série de consequências jurídicas que podem alterar significativamente o papel de Zhao dentro da Binance. Segundo a Bloomberg, a medida permite que ele retome sua participação nas operações da empresa, apagando as restrições que existiam desde sua confissão de culpa em novembro de 2023. Com uma fortuna avaliada em US$ 61,4 bilhões, Zhao continua a ter uma influência enorme no ecossistema da Binance, que gerencia cerca de US$ 8,7 bilhões em ativos, ocupando a terceira posição no mercado global, atrás apenas do Ethereum e da Solana.
Esse contexto se alinha com a estratégia política de Trump, que tem adotado os ativos digitais como uma de suas bandeiras. A família Trump já lucrou mais de US$ 1 bilhão no setor cripto. Recentemente, a Binance contribuiu para o lançamento da stablecoin USD1, ligada à World Liberty Financial, que promete rendimentos significativos, gerando críticas de parlamentares que veem conflito de interesses na situação.
Estratégia do mercado cripto nos EUA ganha destaque
A Binance está avaliando a fusão da Binance.US com sua operação global ou a possibilidade de abrir o acesso diretamente para investidores americanos. Atualmente, a Binance.US opera de maneira separada e com um impacto mínimo — menos de 1% do volume de negociação de Bitcoin no país, enquanto a operação global detém quase 40% do mercado mundial.
Markus Thielen, CEO da 10x Research, acredita que o crescimento do setor cripto está atrelado a investidores institucionais e produtos financeiros, áreas em que a Binance pode focar seus esforços. Ele sugere que a Binance.US deve ser reintegrada ao ecossistema global, proporcionando acesso direto a uma maior liquidez e a diversas opções de derivativos.
Apesar das novas relações políticas de Zhao, o mercado americano ainda apresenta desafios. A Coinbase, por exemplo, continua sendo a líder no país, similar ao que a Binance representa em outros lugares. Para Owen Lau, analista da Clear Street, a Coinbase tem uma reputação como plataforma confiável, o que dá a ela uma vantagem significativa no mercado. Enquanto isso, Patrick Horsman, diretor de investimentos da Applied DNA Sciences, ressalta que a tecnologia e a competitividade da Binance podem torná-la uma gigante no mercado cripto dos EUA.
Reação política e temores de corrupção
A senadora Elizabeth Warren tem sido uma das vozes críticas ao perdão de Trump. Em uma carta à assessoria jurídica da Casa Branca, ela destacou a preocupação com “a convergência entre o pedido de perdão de Zhao e os laços financeiros da Binance com a família do presidente”. Em um post no X, ela relembrou que Zhao já havia se declarado culpado por crimes relacionados à lavagem de dinheiro e agora consegue um perdão que o habilita a seguir no setor.
Outra crítica veio da congressista Maxine Waters, que argumentou que este perdão legitima o crime pelo qual Zhao foi condenado. Ela também sugeriu que dá a ele “carta branca” para operar sem as devidas proteções aos investidores.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, contra-argumentou, afirmando que a decisão foi sujeita a uma rigorosa revisão jurídica e que a crítica é parte de uma “guerra contra as criptos” que, segundo ela, visa Zhao sem evidência de fraudes.





