O governo dos EUA agora tem em mãos a incrível quantia de US$ 14 bilhões em Bitcoin. Mas como será que esses ativos digitais vão ser usados?
Na última terça-feira, o Departamento de Justiça fez a maior apreensão de Bitcoin já registrada. Foram confiscados mais de US$ 14,4 bilhões em BTC de Chen Zhi, um empresário cambojano que está sendo investigado por fraude em uma operação global de criptomoedas. Estamos falando de uma apreensão de proporções históricas.
Chen foi acusado de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, e os promotores já estão tentando formalmente reivindicar o Bitcoin que foi apreendido. Agora, a pergunta que fica é: essa montanha de Bitcoin vai ser incorporada a uma nova reserva estratégica proposta pelo ex-presidente Donald Trump, ou será destinada a ressarcir as vítimas de Chen?
Certamente, a resposta não deve vir tão rápido. O Departamento do Tesouro, que cuida das reservas de Bitcoin nos EUA e também está ligado ao caso de Chen, não comentou sobre como pretende usar esses valores.
Mas o impacto disso tudo pode ser enorme. Alguns dos defensores da reserva estratégica de Bitcoin já sugerem que esses fundos confiscados sejam canalizados para esse projeto. A senadora Cynthia Lummis, por exemplo, destacou que transformar produtos ilícitos em ativos para fortalecer a reserva do país é uma ideia bastante inovadora.
Lummis até propôs uma legislação para que o governo dos EUA compre mais de US$ 100 bilhões em Bitcoin. Ela acredita que o ocorrido ressalta a necessidade de regulamentações claras sobre como o Bitcoin apreendido deve ser armazenado e devolvido às vítimas.
Scott Johnsson, um especialista em finanças e criptomoedas, aponta que seria razoável pensar que o governo dos EUA guardaria uma parte considerável do Bitcoin apreendido para si. O restante, ele acredita, seria destinado a ressarcir as vítimas, embora esse processo possa levar anos devido à complexidade envolvida. Cada pedido de restituição deverá ser verificado, e isso pode se estender a vários países.
Ari Redbord, um ex-funcionário do Departamento do Tesouro, também comentou que é impossível prever quanto do Bitcoin pode realmente ser destinado a essa reserva estratégica, em vez de ser usado para compensar as vítimas.
O secretário do Tesouro dos EUA deve apresentar uma avaliação sobre as implicações legais e financeiras dessa reserva até maio. Isso pode significar que, caso esses fundos sejam incorporados a uma reserva nacional, o valor delas suba de forma significativa, embora ainda não saibamos ao certo como será essa movimentação.
EUA controlam US$ 22 bilhões em Bitcoin
Atualmente, a Arkham Intelligence, uma empresa de análise de blockchain, estima que as carteiras do governo dos EUA contenham cerca de US$ 22 bilhões em Bitcoin. Com a apreensão recente, esse montante pode aumentar consideravelmente. Entretanto, vale lembrar que esses dados ainda não foram confirmados oficialmente.
Quando Trump assinou uma ordem executiva em março, ele pediu ao Departamento do Tesouro um levantamento sobre a quantidade de Bitcoin sob controle do governo até abril. Já em julho, um relatório sobre criptomoedas foi publicado pela Casa Branca, mas não trouxe informações sobre a quantidade de Bitcoin que o governo possui.
O que podemos afirmar é que, com a crescente complexidade do cenário das criptomoedas, o governo dos EUA pode ter um papel cada vez mais relevante na regulação e uso desses ativos digitais.
