Bitcoin foca em reação de Trump, ignora condenação de Bolsonaro
O Bitcoin, a famosa criptomoeda, teve um dia agitado na sexta-feira (12). À tarde, enquanto subia frente ao dólar americano, apresentava uma queda quando comparado ao real. Essa movimentação aconteceu logo após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro foi acusado de várias crimes, como organização criminosa armada e tentativa de golpe de Estado, entre outros. Junto a ele, outros sete réus também receberam penas pesadas, na maioria das vezes acima de 20 anos.
Bruna Allemann, especialista da Nomos em Investimentos Internacionais, comentou que o mercado já havia antecipado essa decisão do STF. Isso pode ajudar a entender por que o Bitcoin estava com o valor de R$ 617.770,35 (um recuo de 0,78%) e US$ 115,440 (um avanço de 0,81%) naquele momento.
Ela fez uma comparação com a situação de julho, quando os EUA, sob a presidência de Donald Trump, aumentaram tarifas para produtos brasileiros. Para Trump, essa ação era uma resposta ao julgamento de Bolsonaro. Mesmo com isso, o Ibovespa Futuros, que é o índice da Bolsa de Valores do Brasil, se mostrou resistente, enquanto o dólar estava em um leve recuo, valendo R$ 5,35 (-0,70%).
Os investidores estão de olho nessa situação como um pequeno risco político. O impacto da condenação de Bolsonaro nas próximas eleições ainda é incerto, principalmente com novos candidatos surgindo no cenário. Contudo, o Bitcoin no Brasil tem outros fatores em jogo: a fuga de investidores para mercados emergentes, como o nosso, e a possibilidade de novas retaliações por parte de Trump.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, não deixou passar a chance de comentar sobre a condenação de Bolsonaro. Ele disse que as “perseguições políticas” continuam no Brasil e prometeu uma resposta adequada por parte dos EUA diante desse cenário.
Trump também se manifestou, elogiando Bolsonaro e fazendo uma analogia entre suas carreiras políticas. Ele ficou surpreso com a sentença e comparou a situação ao que enfrentou enquanto estava no cargo.
Por outro lado, possíveis retaliações comerciais dos EUA podem afetar a inflação por lá. Isso se torna um ponto importante, já que também pode aumentar a volatilidade do Bitcoin. David Kelly, um especialista da JPMorgan, expressou sua preocupação, avisando que a maior economia do mundo pode estar enfrentando uma situação de estagflação — um ciclo onde a inflação sobe enquanto a atividade econômica desacelera.
Ele também citou que muitas empresas estão hesitantes em contratar devido à incerteza sobre as tarifas futuras, o que torna mais difícil para as pessoas encontrarem empregos.
Por outro lado, Kelly mencionou que a restituição de impostos retidos no Fisco dos EUA pode injetar mais dinheiro no mercado. Ele acredita que em 2026 a restituição média vai ultrapassar os US$ 4.000, o que funcionaria como um estímulo econômico significativo.
Enquanto isso, o real teve uma valorização de 14% em 2025 e, com isso, os investidores brasileiros conseguem descontar seus ganhos com criptomoedas de forma mais favorável.