Bitcoin não se mantém acima de US$ 110 mil; entenda o motivo
Os últimos movimentos do Bitcoin têm refletido um cenário complicado. Embora muitos traders esperassem uma recuperação do BTC após o vencimento mensal das opções, o preço não conseguiu ultrapassar os US$ 110.000. Essa expectativa frustrada se deve a vários fatores, entre eles dados econômicos firmes dos Estados Unidos e um clima de incerteza regulatória que tem deixado os investidores cautelosos.
Recentemente, o Departamento de Comércio dos EUA anunciou que o índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE) subiu 2,7% em agosto em comparação com o ano anterior. Isso trouxe à tona a persistente inflação, que tem deixado o Federal Reserve, o banco central dos EUA, bastante cauteloso em relação à possibilidade de reduzir as taxas de juros. Com isso, os mercados financeiros ficam de olho em qualquer sinal que possa indicar mudanças nas políticas econômicas.
O Bitcoin está em um momento complicado, mesmo com o ouro em alta
Enquanto o preço do Bitcoin patina, o ouro está praticamente em seu nível mais alto da história, o que reflete a busca dos investidores por ativos mais seguros neste ambiente incerto. Recentemente, o ouro chegou a ser cotado a US$ 3.770, apenas 0,5% abaixo de seu recorde. Essa situação tem gerado insatisfação entre os traders de criptomoedas.
As expectativas de que as taxas de juros seriam reduzidas para 3,75% ou menos até o fim do ano também foram revisadas. Uma ferramenta usada para prever as decisões do Fed mostrou que a probabilidade de cortes nas taxas caiu de 79% para 67%. Essa mudança evidente de percepção tem causado desconforto no mercado, especialmente para aqueles que apostavam em uma recuperação rápida do Bitcoin.
E, enquanto isso, o índice S&P 500 registrou um leve crescimento, após os consumidores dos EUA aumentarem seus gastos em 0,6% no mês de agosto. Economistas, no entanto, já apontam para uma possível desaceleração no final do ano, lembrando as altas nos preços e possíveis problemas no mercado de trabalho.
A pressão regulatória e a incerteza dificultam ainda mais a situação do Bitcoin
Além do cenário macroeconômico, o mercado de criptomoedas enfrenta desafios internos que contribuem para manter o preço do Bitcoin em uma posição vulnerável. Recentemente, informações de que empresas de tesouraria de criptomoedas foram contactadas por reguladores dos EUA geraram novas preocupações. Segundo alguns relatos, a SEC e a Autoridade Reguladora do Setor Financeiro levantaram questões sobre volumes de negociação não usuais antes de anúncios importantes.
Essa questão é delicada, já que regulamentações vigentes proíbem empresas de capital aberto de divulgar informações relevantes e não públicas de forma seletiva. Essas suspeitas em relação às transações podem complicar ainda mais o ambiente de confiança no mercado.
Além disso, há frustração crescente entre traders sobre o andamento do plano estratégico da Reserva de Bitcoin dos EUA. Embora uma ordem executiva mencionasse acumular Bitcoin de maneira “neutra em relação ao orçamento”, até agora, não foram anunciadas medidas concretas. Isso tem gerado descontentamento entre os investidores.
Assim, dentro desse cenário dinâmico e desafiador, o preço do Bitcoin segue sob pressão, em meio a um ambiente macroeconômico que favorece os ativos de renda variável e uma incerteza crescente sobre as regulamentações que regem o setor.