Bitcoin pode se tornar o novo padrão global, afirma Fernando Ulrich
O ouro é considerado um dos ativos mais valiosos da história, mas para alguns especialistas, ele ficou para trás. Essa é a visão de Fernando Ulrich, sócio da Liberta Investimentos, e Raphael Zagury, CEO da Elektron Energy. Durante um painel na Satsconf 2025, eles argumentaram que o Bitcoin tem o potencial de se tornar o ativo número um no mundo atual, que valoriza a descentralização e a tecnologia.
Os dois debateram sobre como o ouro não tem se mostrado eficaz como proteção patrimonial, especialmente diante das limitações físicas e da vulnerabilidade a intervenções governamentais. “O ouro até funciona bem ao longo do tempo, mas não é prático no espaço”, disse Zagury. Ele ressaltou que é difícil transferir grandes quantias de um país para outro sem depender de intermediários, o que muitas vezes resulta na criação de sistema de crédito falhos. “O Bitcoin chega para mudar isso”, completou.
Ulrich reforçou que, apesar do valor do ouro, ele representa uma era passada. “Os governos tentaram desmonetizar o ouro e não conseguiram. O que realmente vai desmonetizar o ouro é o Bitcoin, mas isso requer tempo e aceitação”, afirmou ele. Segundo Ulrich, o Bitcoin combina o que há de melhor no ouro, como a escassez e a proteção contra a inflação, com as inovações da tecnologia moderna. “Na prática, ele é a melhor ferramenta de defesa financeira que podemos ter”, concluiu.
Zagury foi ainda mais direto: “O Bitcoin é uma tecnologia que armazena tempo e energia de forma que não pode ser corrompida. A inflação ataca nossa vida, e o Bitcoin é a única forma realmente eficaz de proteção.” Ele comparou a transição do ouro para o Bitcoin à evolução da tecnologia, dizendo que “o ouro é o VHS e o Bitcoin é o streaming”. Ele alertou que a aceitação dessa nova forma de valor pode levar tempo, mas é inevitável.
Reservas de Bitcoin e o caso de El Salvador
Um ponto interessante discutido foi a possibilidade de governos acumularem Bitcoin como uma reserva estratégica. Ulrich acredita que a adoção do Bitcoin pelos Estados é uma questão de tempo. “Assim como possuem armas nucleares, eles vão acumular Bitcoin porque é a melhor tecnologia para dinheiro”, explicou.
Zagury, por sua vez, comentou que alguns governos já estão nessa corrida. “Países como a Rússia estão minerando e acumulando Bitcoin de maneira discreta. Outros também vão seguir o mesmo caminho, seja por meio de mineração, confisco ou impressão de dinheiro para comprar Bitcoin”, disse ele, destacando que ter zero Bitcoin não será mais uma opção no futuro.
A dupla também discutiu o caso de El Salvador, que se tornou o primeiro país a adotar o Bitcoin como moeda oficial. Ambos concordaram que, embora o experimento tenha trago resultados positivos, trouxe lições sobre a importância da liberdade individual. “Impor o uso do Bitcoin, obrigando o comerciante a aceitá-lo, foi um erro”, afirmou Zagury.
Ulrich concordou e acrescentou que, apesar dos erros, El Salvador teve avanços importantes, como a remoção de barreiras legais para o uso do Bitcoin no pagamento de impostos. “O uso do Bitcoin deve vir da adesão espontânea das pessoas, como ocorreu em Rolante, no Brasil. O papel do governo deve ser apenas de não atrapalhar”, disse ele.
Tempo, educação e liberdade
Ulrich e Zagury também observaram que a integração do Bitcoin ao sistema financeiro tradicional será um processo demorado e que demanda educação. “Mesmo entre profissionais de Wall Street, a compreensão sobre o Bitcoin ainda é muito rasa”, destacou Ulrich.
Zagury colocou a questão de forma clara: “Acredito que o Bitcoin é uma revolução individual. Não quero a presença do governo aqui. A escolha deve ser de cada um, não imposta por nenhuma autoridade.”
No fim do painel, Ulrich sintetizou bem o espírito do debate: “O Bitcoin é inquebrável, não apenas pela tecnologia em si, mas porque todos nós não vamos deixar que ele desapareça.”





