Bitcoin promove soberania financeira para refugiados em crises
Mais do que um simples ativo financeiro, o Bitcoin vem sendo visto como uma ferramenta de soberania financeira e individual, muito alinhada com a visão original do seu criador, Satoshi Nakamoto. Em um mundo que enfrenta graves crises humanitárias, que deixaram mais de 117 milhões de pessoas deslocadas até o final de 2023, o Bitcoin (BTC) surge como uma alternativa interessante para quem busca preservar seu patrimônio e transferir recursos em momentos de risco.
Recentemente, um estudo do Digital Assets Research Institute (DARI) apontou que pelo menos 329.000 refugiados já utilizaram o Bitcoin para se deslocar e escapar de zonas de conflito. Esse número pode, alarmantemente, chegar a 7,5 milhões até 2035, se as tendências atuais persistirem. O estudo considerou apenas aqueles refugiados que conseguiram manter e acessar suas reservas em Bitcoin durante a fuga, conseguindo assim financiar seu reassentamento.
O que torna o Bitcoin especial? Sua resistência à censura, acessibilidade global e independência do sistema financeiro tradicional preencham lacunas que, muitas vezes, bancos e até programas humanitários com stablecoins não conseguem resolver.
Bitcoin é mais útil e eficaz que stablecoins em contextos de crise humanitária
O Bitcoin possui liquidez e descentralização que se mostram altamente vantajosas, especialmente para quem foge de regimes autoritários ou economias em colapso. O estudo menciona um projeto piloto do ACNUR, que testou o uso de stablecoins como forma de apoio a refugiados da guerra na Ucrânia. No entanto, a necessidade de intermediários para acessar os fundos limitou a eficácia dessa iniciativa.
Curiosamente, o estudo revela que não há registros de refugiados usando stablecoins como USDC ou Tether de forma independente para escapar de zonas de conflito. Por outro lado, em situações como os bombardeios em Gaza em outubro de 2023, o que restou para a população foram o dinheiro vivo e o Bitcoin, permitindo a compra de itens essenciais.
Um exemplo desse uso foi a ação do taxista Yusef Mahmoud, que arrecadou doações em Bitcoin para ajudar necessitados. Os fundos foram convertidos em moeda local por meio de transações peer-to-peer, e Yusef conseguiu comprar alimentos, água e combustível para geradores, beneficiando centenas de famílias.
Levando em conta essas iniciativas, o estudo aponta que ações de pequenas ONGs ou indivíduos se replicam em regiões como o Congo, a Síria e o Líbano. Além disso, o Bitcoin também ajuda a reduzir a dependência dos refugiados em relação a programas de assistência social, aliviando a pressão financeira sobre os países que os acolhem. Muitas entrevistas indicam que refugiados que conseguiram manter fundos em Bitcoin conseguiram pagar por transporte, moradia e outros serviços essenciais enquanto buscavam trabalho.
A utilização do Bitcoin como uma ferramenta de ajuda humanitária pode realmente aumentar a autossuficiência e a dignidade dos refugiados. Conforme o estudo, à medida que as crises humanitárias se prolongam nas próximas décadas, tanto o Bitcoin quanto algumas stablecoins podem ser cada vez mais adotados por necessidade e também pela troca de informações entre refugiados.
Aqui no Brasil, já houve casos, como o de um jovem ucraniano que conseguiu fugir da zona de guerra em 2022 e se estabelecer na Polônia, utilizando suas reservas em Bitcoin. Essa realidade mostra como a tecnologia pode oferecer soluções em tempos difíceis, muitas vezes se tornando uma tábua de salvação.