BitcoinOS apresenta protocolo para ativar Bitcoin institucional inativo
O sistema operacional de contratos inteligentes chamado BOS, que utiliza o Bitcoin, acaba de apresentar o Grail Pro. Esse novo protocolo foi criado para converter bitcoins que estão parados em ativos produtivos, sem comprometer a segurança da custódia.
O lançamento aconteceu na última quinta-feira em Londres, e o Grail Pro foi descrito como uma solução de nível institucional. Ele permite a criação de pontes sem necessidade de confiança e tokens programáveis, garantindo que todos os processos sejam verificáveis na própria rede do Bitcoin.
Segundo Edan Yago, cofundador e CEO da BOS, o desenvolvimento do Grail Pro surgiu a partir do crescimento do Bitcoin e do crescente interesse das instituições por essa criptomoeda. Ele afirma que empresas como a Strategy estão provando que o Bitcoin pode ser encarado como um ativo de tesouraria. Essa demanda tem se intensificado, e Yago acredita que o novo protocolo se alinha às necessidades das instituições financeiras.
O Grail Pro busca mexer com uma quantidade significativa de bitcoins, cerca de seis milhões, que equivalem a aproximadamente US$ 693 bilhões. Esses bitcoins estão sob custódia e, muitas vezes, não são utilizados por conta do medo de riscos. Segundo um estudo da corretora Gemini, esses ativos costumam ficar guardados em fundos ou contas de reserva.
O protocolo apresenta uma alternativa para tirar esses bitcoins da inatividade. Em um projeto piloto, os parceiros usaram BTC para criar 100 zkBTC, um token atrelado ao Bitcoin que é transferível na razão de 1:1. Esse processo demonstra como esses ativos podem ser empregados em estratégias de empréstimos, negociações ou rendimentos, sem que a custódia seja perdida.
Diferente dos modelos de ponte que já existiam, o Grail Pro instala um sistema de cosignatário, que exige a aprovação das instituições para cada solicitação de cunhagem ou liberação. Para cada uma dessas solicitações, utiliza-se a prova de conhecimento zero, e no mínimo 16 operadores independentes precisam confirmar a transação. Yago salienta que essa estrutura é válida para diminuir os riscos de fraudes e garantir que os ativos fiquem sob custódia o tempo todo.
Além disso, o sistema oferece suporte a produtos financeiros programáveis, cofres personalizados e monitoração em tempo real, trazendo mais segurança e flexibilidade aos parceiros.
“Ativos supranacionais”
Recentemente, o mercado de criptomoedas passou por uma fase tensa, com a liquidação de quase US$ 1,7 bilhão, mostrando que a especulação ainda está muito presente, mesmo com as influências de fatores macroeconômicos, como as mudanças nas taxas de juros do Federal Reserve.
Neste cenário, a BOS defende que é necessário criar uma infraestrutura para que as criptomoedas sejam levadas de ambientes de “cassinos” para o mercado financeiro tradicional. O Grail Pro é parte de um conceito chamado BTCFi, que visa utilizar Bitcoin nas finanças descentralizadas, facilitando o aproveitamento de ativos parados.
A busca por inovações nessa área não tem a ver somente com o mercado, mas também com a criação de sistemas que sejam resilientes em cenários políticos e econômicos incertos. Yago, que vivenciou a história da África do Sul durante o apartheid, destaca que a movimentação de ouro em situações adversas o fez entender a importância de ter ativos que não dependem da estabilidade de governos.
Ele comenta que tanto ouro quanto Bitcoin são considerados ativos supranacionais, significando que não são afetados pelas leis ou administrações de um país específico. Essa característica é especialmente relevante agora, quando instituições buscam segurança em tempos de incerteza.