Brasil avança em cripto com stablecoins e tokenização, afirma CEO
Nesta terça-feira, durante o evento Blockchain Leaders, Michael Shaulov, CEO da Fireblocks, compartilhou sua visão otimista sobre o papel do Brasil na crescente adoção de Bitcoin e outras criptomoedas. Ele destacou que, nos últimos quatro anos, o país tem se mostrado um ponto central dessa transformação no cenário global das criptomoedas.
Shaulov mencionou que a Fireblocks tem se adaptado a diferentes necessidades e contextos no mercado, sempre focando nas particularidades dos ativos digitais. Para ele, o Brasil e a América Latina estão numa posição privilegiada em relação à adoção de criptoativos, e isso abre três oportunidades principais:
- A adoção em massa pelo varejo, que ainda está longe de ser explorada.
- A vantagem do primeiro a agir, ao obter a licença necessária para operar com ativos digitais.
- O papel do Brasil como um hub estratégico para pagamentos internacionais utilizando stablecoins.
Por outro lado, ele fez um aviso importante: quanto mais populares as criptomoedas se tornam, mais interesse haverá por parte de hackers e pessoas mal-intencionadas. Ele enfatizou a natureza irreversível das transações em cripto, que pode ser um atrativo arriscado para esses indivíduos.
Shaulov lembrou que cerca de 10% a 15% das transações de criptomoedas, incluindo importantes como Bitcoin e Ethereum, passam pela rede da Fireblocks. Com esses dados, a empresa consegue captar tendências e comportamentos do mercado, permitindo destacar quatro enormes tendências que moldam o futuro dos ativos digitais.
O momento é de uma verdadeira virada, com instituições tradicionais se integrando mais ao espaço cripto, o crescimento das stablecoins e a tokenização de ativos tangíveis. Com esse movimento, a participação das instituições nunca foi tão abrangente. Nomes como BlackRock estão avançando, e outros bancos, que antes hesitavam, agora estão buscando capacitação e implementação de projetos-piloto com ativos digitais.
Bancos e pagamentos mudam o discurso
Shaulov também mencionou a evolução da postura dos grandes bancos nas últimas semanas. Há um ano, a ideia de trabalhar com criptoativos não era bem vista. O cenário atual é de uma mudança notável: o interesse institucional aumentou 600%, com muitas instituições realizando reuniões e testando novas tecnologias. Isso inclui ajustes no setor de pagamentos, onde muitas empresas listadas na bolsa estão reformulando suas plataformas para incorporar stablecoins.
Um exemplo é a Stripe, que começou oferecendo apenas serviços de integração de pagamentos e agora já permite saques em stablecoins. Outras startups, como a Mooplay e a Bridge, também estão explorando maneiras de facilitar o uso de stablecoins para clientes comerciais, especialmente na América Latina, onde as carteiras digitais são bastante populares.
A utilização de stablecoins, como USDT e USDC, está tornando transferências para freelancers e prestadores de serviço muito mais rápidas e baratas. Essa inovação está ajudando a promover a inclusão financeira. Um modelo interessante mencionado por Shaulov é o “stablecoin sandwich”, em que empresas iniciam transferências com moeda fiduciária, utilizam stablecoins no meio do processo e convertem novamente para a moeda local no destino. Isso reduz significativamente os custos e as barreiras bancárias.
Ele ainda comentou que, em várias regiões do mundo, como América Latina e Sudeste Asiático, o uso de stablecoins está crescendo como forma de proteção contra a instabilidade econômica, permitindo que pessoas evitem as flutuações das moedas.
Real World Assets e Tesouro dos EUA on-chain
Shaulov também falou sobre a crescente tokenização de ativos reais, que evoluiu consideravelmente. Em 2025, esta atividade cresceu 58%, e o mercado das stablecoins subiu 25%. Ele apresentou os títulos do Tesouro dos EUA on-chain como um exemplo de como esse processo pode oferecer rentabilidade segura e transparente.
O CEO da Fireblocks acredita que o que está impulsionando essa nova fase de aceitação é o avanço regulatório global. Segundo ele, essa transformação começou com uma mudança significativa nos Estados Unidos, que agora serve de modelo para outras regiões. Uma pesquisa da Fireblocks observou que o ambiente regulatório está evoluindo rapidamente, criando um cenário mais seguro para que instituições mergulhem de cabeça no mundo cripto.
Inteligência artificial
Shaulov também alertou sobre a crescente ameaça de grupos coordenados, como o Mazel Tov, um coletivo de cibercriminosos da Coreia do Norte. Ele destacou que os ataques estão se tornando cada vez mais sofisticados, utilizando inteligência artificial para criar e-mails de phishing que conseguem enganar até os usuários mais experientes.
Esses ataques geralmente visam exchanges e carteiras digitais, tirando proveito das vulnerabilidades na infraestrutura de segurança dos novos participantes do mercado. Ele ressaltou que as transações com stablecoins são irreversíveis, o que as transforma em alvos atraentes para hackers.
Apesar dos desafios, Shaulov acredita que com as ferramentas adequadas é possível não apenas proteger ativos, mas também aproveitar as oportunidades que o mercado cripto oferece.