O Bitcoin Core lançou a nova versão v30 do seu protocolo, e essa atualização traz várias mudanças que vão impactar diretamente quem usa a rede. O software é fundamental para operar os nós da rede BTC e essas inovações visam aprimorar a performance, cortar custos e abrir espaço para novos aplicativos.
Entre as novidades, destaca-se o aumento no limite de operações de assinatura legadas: agora, uma transação padrão pode incluir até 2.500 operações. Isso significa que a capacidade de processamento nas carteiras que ainda utilizam assinaturas antigas será bem mais eficiente. Além disso, o tamanho do datacarrier também foi alterado, permitindo múltiplos outputs OP_RETURN. Com isso, fica mais fácil incluir dados nas transações, o que pode ser útil para quem cria registros on-chain, como tokens e metadados.
Por outro lado, essa mudança também trouxe à tona algumas críticas. Parte da comunidade se preocupa que o espaço extra seja utilizado para spam ou o envio de arquivos que não têm relação com transações monetárias, complicando a rede.
Outra grande alteração está nas políticas de retransmissão dos pacotes no mempool, que é onde ficam as transações pendentes. O comportamento do modelo 1p1c (one parent, one child) foi ajustado para que a priorização das transações seja mais eficiente, ajudando a diminuir os atrasos durante períodos de alta demanda.
BTC versão v30
A atualização também traz a redução das taxas padrão de retransmissão, que agora caem para 0,1 sat/vB. Isso pode ser um alívio para quem faz uso diário do Bitcoin em pagamentos ou transferências de menor valor, pois essas transações ficam mais baratas e rápidas.
Adicionalmente, a mudança possibilita a migração de carteiras legadas BDB para um novo modelo descritor, que promete mais segurança e flexibilidade. Isso significa que quem ainda utiliza carteiras mais antigas terá uma experiência aprimorada, já que o novo formato facilita a compatibilidade com diferentes tipos de chaves e scripts.
Outra novidade é a atualização da interface gráfica, que agora utiliza o Qt6. Esse recurso não só torna a experiência mais moderna, mas também garante compatibilidade com o modo escuro do Windows e melhora a integração com o macOS.
Novos comandos e funções de mineração
A versão v30 ainda introduz um novo comando Bitcoin de nível superior. Essa mudança traz uma interface de mineração IPC experimental, que torna a comunicação entre o software do nó e sistemas de mineração mais eficiente, incluindo o Stratum V2, que é um protocolo mais avançado para a transmissão de blocos.
O coinstatsindex, que fornece estatísticas sobre moedas e UTXOs, também foi reformulado, melhorando a velocidade e precisão das consultas na blockchain. No entanto, embora essas inovações tenham um potencial promissor, geraram algumas discussões. O aumento do limite de dados no campo OP_RETURN, que passou para 100.000 bytes, consegue permitir o envio de arquivos maiores, mas isso preocupa alguns usuários que temem a inclusão de conteúdos indesejados na blockchain.
As vozes mais conservadoras na comunidade expressam receio de que essas mudanças possam desviar o Bitcoin de sua essência como sistema monetário descentralizado. Contudo, pesquisadores da BitMEX argumentam que esse ajuste é necessário para manter o funcionamento eficiente dos Compact Blocks, uma técnica que diminui o tamanho das transmissões entre os nós.
Fim do suporte para versões antigas
Com o lançamento da versão 30, todas as versões anteriores à 27.x perderão o suporte e não receberão mais atualizações de segurança. As vulnerabilidades dessas versões serão divulgadas publicamente em breve, seguindo um protocolo de segurança.
Para a maioria dos usuários diários, as mudanças podem ser sutis, mas os benefícios são muito reais: taxas mais baixas, melhor gestão do mempool e mais segurança nas carteiras descritoras tornam a experiência na rede mais confiável. Para desenvolvedores, as novas políticas de transação e as melhorias no OP_RETURN ampliam as possibilidades de criação de aplicações sobre a rede Bitcoin.
