Bulgária poderia ter pago dívida pública com Bitcoins retidos
Em 2017, a Bulgária fez headlines ao apreender mais de 213.500 Bitcoins, que na época estavam avaliados em cerca de US$ 3,5 bilhões. Essa quantia era suficiente para cobrir um quinto da dívida nacional do país. Contudo, em vez de manter os Bitcoins, o governo decidiu vendê-los logo em seguida à apreensão. Isso gerou uma série de especulações, já que muitos acreditam que o governo pode ainda ter parte desses ativos, apesar das negações oficiais.
Agora, a situação mudou bastante. A mesma quantidade de Bitcoins, que hoje vale cerca de US$ 25,24 bilhões, superaria a dívida pública búlgaro, que está estimada em US$ 24 bilhões, de acordo com dados da World Economics. Claro, isso pode parecer uma grande jogada errada do país, mas é fácil fazer esse tipo de análise olhando para trás. Como bem destacou Alex Obchakevich, especialista da Obchakevich Research, a volatilidade do Bitcoin dificulta sua utilização como um ativo seguro.
Robert Znidar, da plataforma de gestão de criptoativos Iconomi, foi ainda mais direto ao criticar essa decisão. Ele acredita que a venda foi motivada mais pela falta de entendimento sobre o Bitcoin do que por qualquer outra coisa. “Dadas as conquistas que o Bitcoin e as criptomoedas tiveram no último ano, não creio que essa situação se repetiria hoje”, afirmou.
Manter Bitcoin a longo prazo é uma estratégia razoável
Obchakevich sugere que, considerando os riscos, manter Bitcoins poderia não ser uma opção ideal para a Bulgária. Em vez de concentrar seus investimentos apenas em criptomoedas, ele defende que o país deveria ter diversificado, limitando a participação do Bitcoin a 10% a 15% e realizando uma liquidação gradual. Além disso, recomenda o uso de derivativos para proteger os investimentos e a criação de marcos legais claros para evitar instabilidades econômicas.
Valentin Mihov, co-CEO da Web3 Enflux e búlgaro, também questiona a decisão do governo. Para ele, a abordagem da Bulgária reflete uma falta de compreensão sobre o potencial das criptomoedas, que podem ser vistas não apenas como ativos especulativos, mas como uma reserva estratégica. Ele destaca que, naquela época, muitos viam o Bitcoin como algo perigosamente instável e isso influenciou a decisão de vendê-los.
Se tivesse a oportunidade de aconselhar o governo búlgaro, Mihov admite que teria sugerido uma liquidação parcial, mas também uma estrutura de reservas de longo prazo. Ele acredita que uma participação estratégica de 10% ou 20% em Bitcoin poderia ter colocado a Bulgária à frente de muitos outros países.
Grandes nações continuam mantendo Bitcoin
De acordo com análises recentes, governos pelo mundo possuem coletivamente cerca de 463.000 BTC, o que equivale a aproximadamente 2,3% do total de Bitcoins em circulação. Os Estados Unidos e a China estão no topo da lista, com mais de 198.000 BTC e 190.000 BTC, respectivamente. O Reino Unido aparece em terceiro lugar, com 61.245 BTC, enquanto a Ucrânia possui 46.351 BTC.
Surpreendentemente, a Coreia do Norte figura entre os maiores detentores de Bitcoin, tendo adquirido a maior parte de seus ativos através de grupos de hackers patrocinados pelo Estado, totalizando 13.562 BTC. O Butão também se destaca nessa lista, com 10.486 BTC, e frequentemente atrai atenção por suas transações em Bitcoin, incluindo uma transferência recente de US$ 74 milhões para a Binance em um curto período de duas semanas.