Casal de hackers brasileiros que roubou R$ 7,8 milhões em cripto é preso
Um casal de hackers que vem sendo investigado pela Operação CryptoScam da Polícia Federal teve seu pedido de habeas corpus negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Eles são acusados de ter roubado US$ 1,4 milhão em criptomoedas – aproximadamente R$ 7,8 milhões, considerando a cotação do dólar. A decisão foi proferida na última quinta-feira (17), após uma análise cuidadosa do Ministro Carlos Cini, que consultou o Ministério Público Federal.
As investigações indicam que a dupla pode ser uma das mais antigas em atividade no Brasil, segundo informações extraídas do Livecoins. E como a apuração ainda está em andamento, não há muitos detalhes sobre possíveis apreensões feitas pela polícia.
Esse casal está envolvido em pelo menos duas operações diferentes: a CryptoScam e a Pharming. A operação Pharming é especialmente relevante, pois está conectada a um ataque na Caixa Econômica Federal, que resultou no roubo de fundos da Prefeitura de Montes Claros (MG) em 2020.
Decisão do STJ e Riscos de Delação
Um dos principais motivos para o STJ ter negado o habeas corpus foi a facilidade que o casal tem para dissipar provas e patrimônio. Eles costumam fazer movimentações financeiras em diversas contas, incluindo o uso de criptomoedas, o que torna a ocultação de ativos muito mais simples.
O tribunal destacou: “A utilização de meios cibernéticos para movimentação em várias contas pode facilitar a dissipação patrimonial e a destruição ou ocultação de provas. Isso reforça a necessidade de manter os acusados em prisão, para evitar que eles mudem o rastro do patrimônio obtido de forma ilícita.”
A prisão do casal também se relaciona a uma investigação internacional, que foi impulsionada por uma queixa feita por autoridades de Singapura. De acordo com o ministro do STJ, a operação CryptoScam teve início após um pedido da Singapore Police Force para investigar brasileiros que teriam acessado de maneira ilegal uma carteira de criptoativos. Essa ação resultou na subtração de um montante significativo entre os dias 8 e 18 de janeiro de 2024, o que levantou suspeitas sobre uma possível organização criminosa transnacional.
Histórico e Conexões com Fraudes Passadas
Vale lembrar que, entre 2020 e 2024, uma empresa de fachada ligada aos hackers movimentou mais de R$ 10,5 milhões, o que levantou a atenção das autoridades brasileiras. O casal não tinha empregos formais que justificassem tal volume de dinheiro, e há indícios de que utilizaram contatos, incluindo familiares, para executar seus golpes.
Uma parte desse processo está conectada ao já mencionado ataque cibernético à Caixa Econômica Federal, o qual lesou a conta bancária da Prefeitura de Montes Claros em janeiro de 2020. A 2ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte autorizou, em julho de 2024, uma operação focada especificamente na dupla.
Com todos os elementos apresentados, o ministro do STJ terminou por não aceitar o habeas corpus. Isso significa que, por enquanto, o casal ainda ficará sob a análise da justiça enquanto as investigações continuam.