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China cria blockchain à prova de computação quântica

Muitos debates giram em torno das blockchains atualmente, especialmente quando falamos daquelas que sustentam moedas digitais como o Bitcoin. Cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim propuseram uma alternativa, acreditando que as tecnologias atuais são ineficientes e vulneráveis a novos desafios, como os computadores quânticos. Essa nova proposta é chamada de EQAS.

De acordo com Wu Tong, professor associado à universidade, a ideia é substituir a criptografia tradicional das blockchains por uma ferramenta mais robusta, chamada SPHINCS. Essa técnica utiliza funções de hash que são mais simples matematicamente, mas que oferecem maior resistência aos ataques quânticos. O professor fez uma analogia interessante: ter um sistema de segurança vulnerável seria como ter um portão de madeira que pode pegar fogo fácil.

Além de Wu, outras instituições, como o Instituto de Tecnologia de Pequim e a Universidade de Tecnologia Eletrônica de Guilin, colaboraram nesse projeto. Uma das grandes vantagens do EQAS é a simplificação na gestão de chaves, o que alivia o estresse que muitas vezes vem com a sincronização entre as redes blockchain.

Outro ponto interessante é que no EQAS, o armazenamento de dados é separado da verificação. Isso acaba gerando provas através de uma estrutura chamada de “árvore dinâmica”, que é validada por uma “superárvore”. Essa abordagem não só aumentou a escalabilidade, mas também melhorou o desempenho geral do sistema, reduzindo a carga sobre os servidores.

Blockchain chinesa à prova de computação quântica

Em testes simulados, o EQAS mostrou um desempenho impressionante, levando cerca de 40 segundos para autenticar e armazenar dados. Para comparação, o tempo de confirmação na blockchain do Ethereum chega a quase 180 segundos em média. Uma diferença significativa que pode ajudar muito no dia a dia das transações digitais.

Wang Chao, professor da Universidade de Xangai, que estuda os possíveis ataques quânticos, destacou que, apesar de os computadores quânticos estarem avançando, ataques nessa área ainda não são comuns. Ele até brincou que é importante se preparar, mas que isso não é motivo para pânico.

Uma voz respeitável no universo das criptomoedas, Jimmy Song, que ajudou a desenvolver o Bitcoin, comentou em uma conversa que muitos alarmes sobre a computação quântica são exagerados. Segundo ele, a desconexão entre o entendimento da tecnologia e as declarações públicas é grande. “As pessoas acham que computadores quânticos podem resolver tudo em frações de segundos, mas a verdade é bem diferente”. Song afirmou que decifrar uma chave privada levaria tanto tempo que seria impossível, nem mesmo reunindo todos os computadores do mundo.

Ele também se mostrou frustrado com a desinformação que circula sobre o assunto, ressaltando a importância de entender a computação quântica antes de fazer afirmações alarmantes. “Ganhar mais velocidade não significa que tudo vai ser destruído rapidamente”, disse.

Segundo um estudo recente, a ameaça quântica poderia colocar em risco **6,26 milhões de BTC**. Os pesquisadores estimaram que cerca de 30% do suprimento de Bitcoin em circulação está vulnerável a esses ataques, especialmente se os computadores quânticos alcançarem um nível de capacidade capaz de rodar o **algoritmo de Shor**.

Esse algoritmo é algo que poderia decifrar facilmente a criptografia do Bitcoin, um processo que tradicionalmente levaria trilhões de anos com computadores clássicos. Isso se configura como uma preocupação relevante, principalmente para moedas que pertencem a carteiras antigas ou que têm práticas de reutilização de endereços, comuns entre exchanges. Um terço dos especialistas consultados em uma pesquisa acredita que a computação quântica pode se tornar um fator crítico entre 2030 e 2035.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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