China limita uso de stablecoins e suspende pesquisas e seminários
As autoridades da China deram um recado claro para as empresas locais: é hora de parar de publicar pesquisas e realizar seminários sobre stablecoins. Essa decisão veio à tona com um relatório da Bloomberg, que explica que os reguladores financeiros estão preocupados que essas moedas possam ser usadas para fraudes. Eles já pediram a corretoras e outras entidades que cancelem eventos e promoções sobre o tema.
Christopher Wong, um especialista em câmbio de um banco em Singapura, comentou que essa medida é uma tentativa de evitar que pequenos investidores entrem em uma onda especulativa. Ele destacou que muitos ainda não têm conhecimento suficiente sobre o mercado de criptomoedas e que os formuladores de políticas querem evitar um cenário onde as pessoas comprem investimentos sem entender os riscos envolvidos.
Controle sobre o ecossistema financeiro
Essa estratégia de controle se encaixa em um movimento maior, onde a China busca reforçar suas regras sobre ativos digitais. Por exemplo, os bancos devem monitorar e sinalizar operações de risco que envolvam criptomoedas, como apostas, atividades financeiras clandestinas e transações ilegais.
Curiosamente, enquanto o continente chinês impõe regras rígidas, Hong Kong está se posicionando de maneira um pouco diferente. O local é visto como um ambiente mais flexível e implementou recentemente novas regras para stablecoins, com um período de transição de seis meses.
Em uma parceria interessante, o Standard Chartered, com sede em Hong Kong, planeja desenvolver uma stablecoin atrelada ao dólar de Hong Kong junto com a Animoca Brands, uma empresa de software da área de Web3. Essa iniciativa tem um peso significativo, já que o Standard Chartered é uma das poucas instituições autorizadas a emitir dólares físicos nessa região.
Além disso, no fim de julho, a JD.com, uma gigante do comércio eletrônico, também associou-se ao lançamento de uma stablecoin em Hong Kong. Outro movimento notável veio da filial do Ant Group, que planeja pedir licenças para emitir essas moedas digitais em Hong Kong e Singapura. A Jingdong Coinlink Technology, parte do JD Technology Group, também está na corrida para lançar uma stablecoin atrelada ao dólar de Hong Kong em 2024.
Stablecoins atreladas ao yuan, mas fora da China
Por outro lado, existem iniciativas com stablecoins atreladas ao yuan que são destinadas exclusivamente para uso fora da China continental. Por exemplo, a Conflux, uma plataforma de blockchain, lançou uma nova versão de sua rede e anunciou uma stablecoin lastreada no yuan offshore. Essa novidade surgiu pouco depois da AnchorX, que recebeu aprovação preliminar no Cazaquistão para sua moeda digital atrelada ao yuan.
Essas moedas, apesar de estarem ligadas à moeda chinesa, têm como foco atender operações de empresas chinesas que estão fora do país e nações que participam da iniciativa global conhecida como Cinturão e Rota, que busca conectar diversas regiões por meio de infraestrutura e comércio.
Em resumo, mesmo com as restrições dentro de suas fronteiras, a China parece aberta, de maneira seletiva, a expandir sua influência digital no cenário global, mas apenas fora de seu território.