Computação quântica e o bitcoin: entenda a relação atual
Se os governos e o sistema financeiro tradicional não conseguiram acabar com o Bitcoin (BTC), é claro que ele tem algo a mais. Agora, uma nova narrativa está sendo discutida: o impacto da computação quântica. Essa mudança de foco diz respeito a uma ameaça diferente, quase saída de um filme de ficção científica. A ideia é que em algum momento, máquinas superpoderosas poderiam quebrar a criptografia que protege o Bitcoin, tornando a rede vulnerável e, assim, desvalorizando todo o criptoativo.
Mas calma, a situação não é tão simples assim. A ameaça quântica ainda enfrenta muitos desafios matemáticos, como aponta um artigo de Rafael Poliseli Teles, um físico quântico especializado em sistemas ultrafrios e membro de uma plataforma de análise de dados. Apesar do aumento do hype, a chamada “ameaça quântica” não é algo que deva nos deixar alarmados no momento.
Atalhos da Computação Quântica: A Teoria por Trás do Bitcoin
A segurança do Bitcoin é garantida por um método chamado Prova de Trabalho (PoW). A ideia é que a rede se fortalece pela dificuldade em resolver problemas matemáticos complexos. Para adicionar um novo bloco de transações à blockchain, os mineradores precisam encontrar uma combinação específica, o famoso “nonce”. Para isso, a única abordagem é a tentativa e erro.
A competição feroz entre os mineradores significa que quem tiver mais poder computacional pode fazer mais tentativas. Mas, mesmo com toda essa força bruta, ainda assim não é financeiramente viável dominar a rede. É aí que entra a computação quântica, apresentando uma nova ferramenta: o algorítimo de Grover.
A analista Rafaela Romano explica que o algoritmo atua como um verdadeiro superpoder, capaz de encontrar respostas muito mais rápido do que os métodos clássicos. Para quebrar a criptografia do Bitcoin, um computador quântico precisaria apenas de mil tentativas. Mesmo assim, essa vantagem não é tão alarmante quanto parece.
O Tempo Que Levaria para Quebrar a Criptografia do Bitcoin
Um dos pontos que o artigo destaca é que a velocidade dos computadores quânticos é geométrica e não exponencial. Isso quer dizer que, mesmo com o uso do algoritmo de Grover, o tempo necessário para quebrar a criptografia do Bitcoin ainda é astronômico.
Enquanto um computador tradicional precisaria de aproximadamente 1,08 x 10⁵⁰ anos para desbravar todas as possibilidades, um computador quântico reduziria esse tempo para 3,17 x 10¹¹ anos. Mesmo assim, isso ainda representa 317 bilhões de anos — o que é 23 vezes a idade do universo.
A analista Rafaela ainda ressalta um aspecto importante: a computação quântica tem limitações. “Muitos problemas clássicos não se ajustam bem ao paradigma quântico”, diz ela. Em outras palavras, a computação quântica é mais eficiente em simulações e questões que envolvem sistemas quânticos, e não necessariamente em problemas comuns do dia a dia.
Embora as carteiras antigas de Bitcoin possam estar em risco, o padrão dos endereços já foi modificado para proteger as chaves públicas. A comunidade de desenvolvedores do Bitcoin está bastante ativa e se compromete a encontrar soluções “pós-quânticas”. A meta é manter a segurança da rede enquanto a tecnologia evolui, evitando surpresas desagradáveis no futuro.