Criadores do mixer de bitcoin ‘Samourai’ admitem culpa em caso de privacidade
Os fundadores do mixer de Bitcoin, Samourai Wallet, vão se declarar culpados nesta quarta-feira, dia 30, em um caso que chamou a atenção de quem defende a privacidade digital. Segundo documentos da Justiça Federal dos EUA, William Lonergan Hill e Keonne Rodriguez mudarão suas posições em um tribunal de Nova York.
Ano passado, as autoridades federais prenderam Hill e Rodriguez e encerraram as operações do Samourai Wallet, um serviço que misturava transações de Bitcoin para tornar o rastreamento mais difícil. O Departamento de Justiça dos EUA alegou que a plataforma funcionava como um “negócio de transmissão de dinheiro não licenciado”, sendo usada por criminosos.
A acusação formal do ano passado afirmava que, ao oferecer o Samourai como um serviço de “privacidade”, os réus tinham plena consciência de que era um abrigo para lavagem de dinheiro em grande escala e evasão de sanções. Apesar das acusações, Hill e Rodriguez inicialmente se declararam inocentes.
O Samourai e outros mixers de criptomoedas têm como objetivo embaralhar transações digitais, dificultando o rastreamento dos pagamentos. Esse tipo de ferramenta é frequentemente chamada à atenção, pois se tornou comum entre cibercriminosos que utilizam mixers para ocultar a movimentação de criptomoedas roubadas, que normalmente seriam facilmente rastreáveis na blockchain.
Grupos sem fins lucrativos do setor cripto argumentam que o caso é injusto, já que Hill e Rodriguez criaram apenas o software, mas não lidaram diretamente com o dinheiro. Para esses defensores, a responsabilidade recai sobre como as pessoas utilizam a ferramenta.
Tornado Cash
Essa situação acontece em um momento importante, já que o julgamento de Roman Storm, um dos cofundadores do protocolo de privacidade Tornado Cash, também chega ao fim. Um juiz deve decidir sobre esse caso na mesma data em que Hill e Rodriguez fazem suas declarações.
As autoridades dos EUA proibiram o uso do Tornado Cash por cidadãos americanos em 2022, alegando que a plataforma, que opera na blockchain do Ethereum, foi empregada por criminosos para lavar dinheiro. Os promotores também afirmaram que Storm e seu colega Roman Semenov teriam lavado mais de US$ 1 bilhão em fundos ilegais.
Essa é uma questão que toca em temas complexos de privacidade, segurança e o uso ético das tecnologias que surgem no mundo das criptomoedas.