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Criptomoeda sustentável envolvida com grileiro detido pela PF

O empresário Ricardo Stoppe Jr., conhecido como “rei do carbono”, foi preso no ano passado durante a operação Greenwashing da Polícia Federal. Stoppe Jr. havia feito parceria com a Moss, empresa que desenvolveu a criptomoeda MCO2, que é lastreada em créditos de carbono. Essa informação chegou a ser revelada pelo site Metrópoles.

Stoppe Jr. se destacou como um dos maiores vendedores de créditos de carbono no Brasil, atraindo grandes empresas e bancos. Ele destacou em uma entrevista à Forbes a importância da Moss em sua trajetória. Segundo ele, a empresa permitiu que ele tivesse a oportunidade de viabilizar a venda desse tipo de crédito e desenvolver uma série de ações que antes eram difíceis de implementar.

Criada em 2020, a Moss Earth se posiciona como uma climatech brasileira focada no mercado de créditos de carbono. A empresa traz soluções com tecnologia blockchain para facilitar a compensação das emissões de gases de efeito estufa. O token MCO2, por sua vez, tem como objetivo representar uma tonelada de CO₂ que deixou de ser emitida na atmosfera.

O declínio do MCO2

Apesar da proposta interessante, o projeto MCO2 enfrentou um grande revés. Uma vez popular e até patrocinadora do Flamengo, a empresa praticamente desapareceu do radar. Suas redes sociais estão inativas há mais de um ano e, desde 2023, não há notícias sobre novos negócios da Moss.

O MCO2 ilustra bem a crise da Moss. Após atingir um pico de R$ 118,40 em janeiro de 2022, o token começou uma queda acentuada. Antes mesmo de a operação da PF ser divulgada, o valor já havia despencado para R$ 3,80. Atualmente, o MCO2 está sendo negociado a cerca de R$ 0,80.

Em nota, a Moss Earth afirmou que continuam operando, mas que estão passando por uma reestruturação em 2024, o que explicaria a falta de atualizações nas redes sociais. A empresa, no entanto, não está mais tokenizando créditos, focando agora no desenvolvimento direto de projetos com uma ênfase em qualidade técnica e certificação internacional.

Sobre a relação com Stoppe Jr. e o projeto MCO2, o atual CEO, Guilherme Rossetto, comentou que o projeto Ituxi foi incluído antes das denúncias sobre problemas fundiários que surgiram em 2024 — ou seja, dois anos após o início da queda dos preços no mercado de créditos de carbono, que começou em 2022.

Quem é Ricardo Stoppe Jr.?

Ricardo Stoppe Jr. é acusado pela Polícia Federal de ser um grileiro, responsável por mais de 500 mil hectares na Amazônia. Ele se tornou alvo das autoridades por um esquema que envolve fraudes em documentos e registros ilegais de terras da União e de áreas indígenas.

Desde 2010, Stoppe Jr. investe em créditos de carbono e já se declarou em entrevistas como o “maior produtor de crédito de carbono do mundo”. A região da Fortaleza de Ituxi, no sul do Amazonas, é uma das principais áreas onde sua empresa tinha negócios.

De acordo com o Metrópoles, as investigações revelaram que Ituxi foi registrada em terras da União e em uma terra indígena chamada Kaxarari. O esquema envolvia a corrupção em cartórios e a apresentação de documentos falsos que foram aceitos pela Justiça, fazendo com que parte dessas terras fosse duplicada, segundo a investigação.

Embora não houvesse relação direta com as empresas de Stoppe Jr., seus esquemas afetaram nomes conhecidos como Gol, Boeing e Nestlé, além de um fundo administrado pela AZ Quest e XP. Todos eles tinham algum tipo de exposição a créditos de carbono associados aos projetos de Stoppe Jr.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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