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Empresário revela que World pagava por íris processadas via orbe

A CPI da Íris, que investiga as atividades da World, ex-Worldcoin, em São Paulo, revelou detalhes sobre como a operação funcionava na cidade. As informações surgiram a partir do depoimento de Jovaneis Oscalices Neto, um empresário contratado para gerenciar a coleta da “prova de humanidade”, que acontece através do escaneamento da íris. Esse processo gera um código binário, e a empresa assegura que a imagem da íris não é armazenada em nenhum sistema seu.

Durante a sessão, Jovaneis contou que recebeu um total de 268 mil tokens WLD para gerenciar unidades da World no Brasil, através de sua empresa, Ney Neto Produções Web3 e Eventos LTDA. Ele confirmou que seu pagamento era baseado na quantidade de procedimentos realizados.

A World se destacou por realizar o escaneamento da íris, oferecendo tokens WLD como contrapartida. Esse procedimento é feito com um equipamento, chamado de “orbe”, que parece ter saído de um filme de ficção científica. No entanto, a operação foi suspensa pela Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) ao decidir que a recompensa financeira não poderia mais ser oferecida. Em resposta, a Câmara de Vereadores instaurou a CPI para apurar a situação.

Em uma conversa com um veículo de notícias, a empresa esclareceu que a imagem da íris é processada e deletada do aparelho, reafirmando que a expressão “venda da íris” está errada. O código binário gerado pode ser utilizado pelos usuários para provar que são humanos em ambientes online.

A primeira unidade de Jovaneis foi aberta no bairro do Sacomã, em novembro do ano passado, e funcionou até maio deste ano. Ele também tentou abrir outras unidades, mas devido às restrições da ANPD, a operação foi limitada.

O empresário explicou que a remuneração da World variava em duas partes: uma quantia fixa para cobrir despesas gerais e uma parte que dependia do número de check-ins feitos na orbe. “Os operadores eram pagos por cada pessoa verificada. O total recebido era resultado dessa soma”, detalhou.

Esses 268 mil tokens WLD que Jovaneis recebeu poderiam ter rendido até US$ 3,1 milhões (R$ 16,6 milhões) em março do ano passado, quando a moeda estava em seu pico, valendo US$ 11,74. Contudo, o valor despencou, e hoje os tokens estão avaliados em US$ 0,72, o que faria a quantia recebida atualmente valer cerca de US$ 192 mil (R$ 1 milhão).

A vereadora Janaina Paschoal, que preside a CPI, destacou a relevância do que foi revelado. “O depoimento confirmou que a empresa pagava seus contratados com base na quantidade de pessoas que tiveram suas íris escaneadas. Isso é muito significativo”, afirmou. Para ela, esse banco de dados cresce em valor conforme mais pessoas participam, e isso nunca foi claramente comunicado ao público.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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