Especialista aponta que cultura de aprovação do Japão atrasa criptomoedas
Os desafios regulatórios no Japão estão fazendo com que a inovação em criptomoedas saia do país, e não apenas a alta carga tributária, segundo Maksym Sakharov, CEO do banco descentralizado WeFi. Em uma conversa descontraída, Sakharov abordou como a cultura local de aprovação lenta e avessa a riscos está empurrando startups e investidores para outros lugares.
Mesmo com a proposta de um imposto fixo de 20% sobre lucros com criptomoedas, ele acredita que as barreiras mais complicadas continuam sendo as regulações. Segundo ele, o modelo de pré-aprovação que o Japão adota é um desafio. Esse processo, que envolve a revisão pela Associação Japonesa de Exchange de Ativos Virtuais e Cryptomoedas (JVCEA) e a supervisão da Agência de Serviços Financeiros (FSA), pode demorar de 6 a 12 meses. Isso acaba fazendo com que muitas equipes japonesas optem por lançar seus projetos primeiro no exterior.
Sakharov explica que este tempo excessivo para listagem de tokens e ofertas iniciais de exchanges não é só um empecilho, mas também um fator que “queima as pistas”, fazendo com que os inovadores busquem outros mercados mais dinâmicos. Ele ressaltou que o foco das aprovações está mais em evitar erros do que em impulsionar a inovação, refletindo uma cultura que não favorece a agilidade necessária neste setor.
Japão fica atrás dos Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul e Singapura
Quando comparado a outros países com um cenário mais acolhedor para criptomoedas, o Japão realmente está em desvantagem. De acordo com Sakharov, enquanto aqui uma listagem pode levar mais de meio ano, outros lugares como Singapura e os Emirados Árabes Unidos conseguem ser bastante ágeis. Por exemplo, a regulamentação na Coreia do Sul permite que as listagens sejam processadas com mais rapidez devido a um enfoque em obrigações contínuas e não em pré-aprovações.
Apesar de propostas de mudança, como a reclassificação das criptomoedas como produtos financeiros, Sakharov alerta que a verdadeira mudança depende da cultura em torno das aprovações. “A cultura devora os cortes de impostos no café da manhã”, brincou ele, destacando que mudanças profundas são necessárias para que a inovação se desenvolva no Japão.
Para remediar essa situação, ele sugere que os reguladores adotem um sistema de aprovações baseadas em riscos e a implementação de uma “sandbox” que permita experimentação. Sem essas adaptações, é provável que projetos e inovações continuem a crescer em outros países, não por conta das taxas, mas pela falta de clareza e agilidade nas aprovações.
Liderança da Ásia em criptomoedas atrai atenção global
Recentemente, Maarten Henskens, uma figura importante no Startale Group, destacou que a liderança da Ásia em tokenização está atraindo cada vez mais investidores do mundo todo. O ambiente regulatório claro na região tem chamado a atenção de capital que antes estava reservado.
Cidades como Hong Kong têm mostrado agilidade; agora, elas estão trabalhando em um centro de inovação regulatória chamado Ensemble Sandbox. Henskens menciona que, enquanto o Japão busca um desenvolvimento a longo prazo, Hong Kong está demonstrando como a flexibilidade pode impulsionar a inovação.
Os Emirados Árabes Unidos também estão avançando nesse cenário, utilizando estruturas regulatórias que incentivam a emissão de títulos tokenizados e atraem empresas e investidores globais.