Notícias

Estudo da Universidade Columbia indica wash trading na Polymarket

Cerca de 25% de todo o volume de negociação no Polymarket, uma das maiores plataformas de previsão do mundo, pode estar atrelado a algo conhecido como wash trading (negociação fictícia). Essa informação vem de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Columbia, divulgado na quinta-feira (6).

Os investigadores analisaram o histórico de negociações do Polymarket e encontraram padrões suspeitos em 14% das 1,26 milhão de carteiras ativas. Esses dados sugerem que alguns usuários podem estar comprando e vendendo entre si, com o objetivo de aumentar a atividade na plataforma e se qualificar para eventuais recompensas em tokens de criptomoedas.

Os autores do estudo destacaram algumas características que favorecem esse tipo de prática. Primeiro, a Polymarket não exige verificação Know-Your-Customer (KYC), o que facilita a criação de múltiplos endereços de carteira de forma anônima. Além disso, até o momento, a plataforma não tem taxas de transação, o que torna o wash trading mais atraente em comparação com outras corretoras que cobram esses valores. Por último, a expectativa de que a plataforma lance um novo token — uma nova criptomoeda que seria distribuída aos usuários — também incentiva o que chamam de airdrop farming.

Allen Sirolly, um dos autores da pesquisa, comentou que não se pode afirmar com certeza o que motiva o wash trading no Polymarket, mas tudo indica que está relacionado à prática de air drop farming. Ele explicou que esse tipo de negociação não exige grandes quantias de capital, pois o mesmo dinheiro é utilizado em várias transações. Além disso, não há evidências de que a corretora esteja envolvida diretamente nesse tipo de atividade.

Os pesquisadores observaram que as transações suspeitas atingiram um pico de quase 60% do volume semanal em dezembro de 2024, caindo para menos de 5% em maio de 2025, mas depois voltaram a subir para cerca de 20% em outubro. No total, estima-se que aproximadamente US$ 4,5 bilhões em negociações possam ser classificadas como transações potencialmente fictícias.

A Polymarket se destacou no mercado de criptomoedas, permitindo que usuários apostem em resultados políticos, culturais e econômicos. Com mais de US$ 18 bilhões movimentados, a plataforma atraiu 1,3 milhão de usuários. O fundador, Shayne Coplan, aos 27 anos, se tornou um bilionário autêntico após um investimento de US$ 2 bilhões da Intercontinental Exchange, que avaliou a empresa em US$ 9 bilhões.

Entretanto, essa ascensão não foi só flores. A Polymarket enfrentou problemas regulatórios e foi banida em vários países por operar sem licença de apostas, incluindo a Romênia recentemente. Em 2022, a plataforma também foi multada pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC), o que a obrigou a operar fora dos Estados Unidos. Recentemente, a Polymarket adquiriu uma bolsa de derivativos e obteve uma carta de não ação da CFTC, permitindo operações limitadas no país.

O wash trading é considerado ilegal em mercados regulados porque distorce preços e metricas de volume. Estudos anteriores mostram que mais de 70% do volume relatado em bolsas não regulamentadas pode ser proveniente de wash trading, o que pode ser uma tentativa de manipular as classificações das corretoras.

Na Polymarket, o wash trading varia de acordo com o mercado. Por exemplo, cerca de 45% do volume histórico em mercados de esportes é classificado como provável wash trading, enquanto esse número é de 17% em mercados de eleições, 12% em mercados de política e apenas 3% em mercados de criptomoedas. Em alguns picos, as estimativas chegaram a incríveis 95% em mercados de eleições na semana de 24 de março de 2025.

Os pesquisadores aplicaram técnicas de agrupamento algorítmico para identificar carteiras que negociavam quase exclusivamente entre si, com algumas realizando dezenas de milhares de transações, muitas vezes com lucros ou perdas mínimos. Eles alertaram que a detecção de wash trading é crucial para a saúde e o crescimento a longo prazo do mercado de previsões.

Por fim, os autores mencionaram que o wash trading compromete a confiança desses mercados, que dependem de volumes honestos para serem eficazes. Eles sugeriram que a própria corretora poderia usar a metodologia do estudo para excluir carteiras envolvidas em práticas suspeitas da emissão de tokens ou de privilégios de negociação.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo