Ethereum busca descentralização, mas 10 indivíduos dominam
O ex-líder do Geth, Péter Szilágyi, trouxe à tona uma situação preocupante sobre o ecossistema do Ethereum (ETH). Segundo ele, apenas de cinco a dez pessoas estão no comando de tudo, exercendo um “controle indireto completo” sobre a rede, especialmente via Vitalik Buterin. Isso se torna ainda mais grave quando se considera que a Fundação Ethereum não paga bem seus desenvolvedores.
Péter, que trabalhou algo em torno de seis anos ganhando uns US$ 625 mil, comparou esse ambiente a um cenário perfeito para a “captura do protocolo”. Para ele, essa estrutura cria um pequeno grupo que realmente tem o poder nas mãos, apesar do discurso de descentralização que vemos em público.
Concorrência e Controle
Szilágyi fez algumas críticas severas em uma carta que enviou em maio de 2024 à liderança da Fundação Ethereum. Ele enfatizou que novos projetos dentro do ecossistema muitas vezes dependem da aprovação das mesmas pessoas que rodeiam Buterin. De acordo com ele, a capacidade de novos projetos serem bem-sucedidos está diretamente ligada ao apoio desse grupo restrito.
O que fica claro nas palavras de Szilágyi é que muitos desenvolvedores se sentem como “peões úteis” em um jogo de poder onde quem se destaca acaba prejudicado. Atacar as figuras de liderança pode prejudicar a reputação de quem está no campo de batalha, enquanto o silêncio permite que os que estão no alto remodelam o protocolo à sua maneira.
Regras do Jogo
O desenrolar da situação trouxe à tona a noção de uma “elite dominante” que, segundo Szilágyi, tem moldado o Ethereum há anos. Ele mencionou que, frequentemente, novos projetos não buscam captação pública, mas sim os mesmos investidores e conselheiros. Para triunfar, hoje é preciso fazer parte de um círculo muito específico em torno de Vitalik.
Essa dinâmica gera um ambiente onde todos os novos projetos são influenciados pelas mesmas pessoas, e os grandes investidores estão sempre por perto. Ele ilustra isso com exemplos de colaborações, onde se um projeto garante o apoio financeiro, acaba recebendo destaque em plataformas como podcasts.
O Papel da Fundação ETH
Szilágyi destacou que a Fundação Ethereum parece ter se esquecido de que precisa valorizar seus colaboradores. Segundo ele, a política de compensação da Fundação tende a subestimar a contribuição de desenvolvedores empenhados, o que acaba forçando-os a buscar melhores oportunidades fora.
Ele faz críticas à liderança, afirmando que se perderam em sua própria riqueza. Muitos dos primeiros colaboradores já saíram, buscando remuneração que faça jus ao valor que trazem. Com isso, Szilágyi acredita que a Fundação realmente abusa da boa vontade de quem ali está por princípios, reforçando a ideia de que quem não reclama pode estar, na verdade, insatisfeito.
A conversa que Szilágyi trouxe para a mesa nos faz refletir sobre o futuro do Ethereum e se realmente estamos caminhando rumo a uma descentralização efetiva ou se estamos apenas mudando as figuras de poder na pirâmide.