EUA buscam apreender R$ 77 bilhões em Bitcoin em grande operação
Os Estados Unidos deram um grande passo na luta contra fraudes com criptomoedas, anunciando a intenção de apreender 127.271 Bitcoins, que hoje valem mais de US$ 14,2 bilhões (cerca de R$ 77 bilhões). Essa é a maior ação desse tipo já realizada pelo Departamento de Justiça do país.
A ação foi liderada pelo Escritório do Procurador dos EUA no Distrito Leste de Nova York, que apresentou uma denúncia civil contra Chen Zhi, o fundador e presidente do Prince Holding Group, um conglomerado baseado no Camboja. As autoridades afirmam que Chen estava à frente de um esquema de fraude conhecido como “abate de porco”. Esse golpe enganava vítimas para que elas entregassem suas economias, geralmente por meio de perfis falsos nas redes sociais e histórias de vida emocionantes.
As acusações são graves. Chen Zhi teria liderado uma das maiores operações de fraude de investimento da história, que gerou perdas de bilhões ao redor do mundo. As vítimas, de acordo com a investigação, eram enganadas e, em alguns casos, forçadas a trabalhar em condições precárias sob ameaça de violência. Esses esquemas, que surgiram na China, exploram a boa-fé das pessoas para obter lucro à custa delas.
O procurador Joseph Nocella Jr. ressaltou o impacto devastador desse tipo de crime, afirmando que as ações do Prince Group causaram sofrimento sem medida às vítimas, com consequências diretas em Nova York e além. Se for considerado culpado, Chen Zhi pode enfrentar até 40 anos de prisão por conspiração para fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. Curiosamente, ele ainda está foragido.
Além disso, as autoridades alegam que Chen, um cidadão com ligações em diversos países, teria subornado policiais chineses para garantir a operação do esquema. O dinheiro obtido ilícitamente era utilizado para comprar Bitcoins e outras criptomoedas “limpas”. Parte dos recursos também foi direcionada para financiar operações de mineração nos Estados Unidos, Laos e China. Em determinados momentos, sua operação na China era uma das maiores do mundo.
Estudos recentes indicam que redes criminosas de locais como o México e a Rússia utilizam o mercado negro chinês para lavar quantidades astronômicas em criptomoedas, o que segue levantando preocupações entre as autoridades. Especialistas como Ari Redbord, da TRM Labs, afirmam que mesmo sendo baseada no Camboja, essa operação possui uma complexa dimensão chinesa, funcionando com o apoio de empresas de fachada e estrutura financeira conectadas à China.
Com uma abordagem mais agressiva, os EUA e seus aliados estão mirando em desmantelar não apenas os criminosos, mas todo o suporte financeiro que abastece esses esquemas. Esse caso não é um evento isolado, mas parte de um esforço contínuo para derrubar a infraestrutura que facilita esses crimes em escala global.