EUA fazem maior confisco de Bitcoin, avaliado em US$ 15 bilhões
O Departamento de Justiça dos EUA anunciou, na última terça-feira (14), um confisco impressionante de 127.271 bitcoins, que, na hora, estavam avaliados em US$ 14,3 bilhões. Essa apreensão é a maior da história, superando a retirada de 94 mil bitcoins em 2022 no caso de Ilya Lichtenstein e Heather Morgan.
As criptomoedas pertenciam a Chen Zhi, um empresário de 37 anos também conhecido como Vincent. Ele é o fundador e presidente do Prince Holding Group, um conglomerado que opera no Camboja. No último setembro, o governo americano já havia utilizado a Lei Magnitsky para sancionar várias pessoas e empresas envolvidas em fraudes originárias de locais como Myanmar e Camboja, mas Chen e sua empresa não estavam entre elas. Contudo, agora, os EUA classificaram o Prince Group como uma organização criminosa transnacional e impuseram sanções a Chen e seus associados.
Entendendo as Acusações contra Chen Zhi
Chen Zhi fundou o Prince Group em 2015 e, embora a empresa tenha começado no setor imobiliário e serviços financeiros, foi transformada em uma das maiores organizações criminosas da Ásia. De acordo com o Departamento de Justiça, sob sua liderança, o grupo lucrava bilhões ao operar esquemas de fraude no Camboja, realizando golpes de investimento em criptomoedas.
Uma das acusações mais graves contra Chen é a de trabalho forçado e tortura. As autoridades afirmam que o grupo traficava trabalhadores, obrigando-os a aplicar golpes sob a ameaça de violência. Os locais de trabalho eram como verdadeiros campos de trabalho forçado, cercados por muros altos e arame farpado.
Esses trabalhadores vinham de diversos países, incluindo o Brasil, o que ampliava o alcance das fraudes devido à variação dos idiomas falados. Além disso, o esquema contava com filiais, como uma situada no Brooklyn, em Nova York, que também fazia vítimas nos EUA.
Os golpes eram conhecidos como “abate de porco” (ou “pig butchering”), começando com o popular “golpe do romance”. Aqui, os golpistas conquistavam a confiança da vítima até convencê-la a investir todo seu dinheiro em plataformas duvidosas, prometendo retornos exorbitantes.
Ainda segundo a acusação, o grupo utilizava técnicas elaboradas para lavar o dinheiro proveniente dos golpes, como formas de influência política e subornos. Para esconder o rastreamento das criptomoedas, empregavam métodos como “spraying” e “funneling”, dividindo e recombinando os ativos em milhares de endereços.
Com os lucros obtidos, Zhi e seus comparsas bancavam luxos, como viagens, iates, jatos particulares e obras de arte.
EUA Realizam a Maior Apreensão de Bitcoins da História
Atualmente, Chen Zhi se encontra foragido. No entanto, a apreensão de US$ 14,3 bilhões em bitcoins pela primeira vez nos EUA é um marco significativo. O Departamento de Justiça e o Ministério Público do Distrito Leste de Nova York entraram com uma ação civil para confiscar esses bitcoins, alegando que eram provenientes de crimes de fraude e lavagem de dinheiro.
As criptomoedas estavam em carteiras não hospedadas, com as chaves privadas pertencentes ao acusado. Agora, esses fundos estão sob custódia do governo americano. Para ter uma ideia da magnitude da ação, essa confiscada é a maior já registrada.
O processo detalha como os EUA monitoraram as transações e aponta vários endereços, embora não revele exatamente como ocorreu o confisco. O governo mencionou que Chen mantinha registros das carteiras e das frases-semente das chaves privadas, o que pode ter facilitado a abordagem virtual das autoridades.
Se condenado, Chen Zhi enfrenta até 40 anos de prisão.