Fed reduz juros: qual o futuro do BTC?
O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, acaba de anunciar o segundo corte consecutivo de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, que agora fica entre 3,75% e 4,00% ao ano. Essa mudança, anunciada na última terça-feira (29/10), deixou muitas pessoas se perguntando: como isso afeta o preço do Bitcoin?
Logo após a divulgação, o Bitcoin (BTC) caiu mais de 3%, voltando à faixa dos US$ 108 mil. Essa queda refletiu o clima de cautela do presidente do Fed, Jerome Powell, que, em sua coletiva de imprensa, deixou claro que novos cortes não são garantidos para dezembro. Para muitas pessoas, a expectativa de um ciclo mais intenso de cortes foi frustrada.
Marco Aurélio Moreira, CIO da Vault Capital, afirmou que o discurso de Powell foi “um banho de água fria” para aqueles que esperavam cortes mais frequentes. A incerteza é maior quando o Fed não fornece uma visão clara dos próximos movimentos, especialmente em um cenário de fragilidade fiscal e paralisia do governo americano.
Antes do anúncio, as expectativas do mercado eram altas, com 90% de chance de um novo corte em dezembro, conforme a ferramenta FedWatch Tool. Porém, após as declarações de Powell, essa probabilidade despencou para 35%, indicando uma mudança de clima entre os investidores.
Powell justificou essa abordagem conservadora citando o impacto do shutdown do governo, que já dura mais de 30 dias e prejudica a coleta de dados econômicos fundamentais, como os referentes à inflação e ao emprego.
E agora, para onde vai o preço do Bitcoin?
Diante da falta de informações concretas, o Fed decidiu adotar uma postura mais cautelosa, o que trouxe volatilidade imediata para ativos de risco. Moreira observou que em momentos de incerteza, os investidores costumam migrar para o dólar e títulos do Tesouro. Essa mudança de foco pode pressionar o preço de criptomoedas como o Bitcoin.
No entanto, há um aspecto positivo dessa decisão para o médio prazo. O fim do aperto quantitativo (QT) pode mudar o cenário. Isso significa que o Fed deixará de retirar liquidez do sistema, o que, historicamente, favorece ativos escassos, como o Bitcoin.
O fim do QT e a volta da liquidez
A partir de 1º de dezembro, o banco central americano encerrará a redução de seu balanço patrimonial, um processo que começou em 2022. Com isso, o Fed começará a rolar títulos do Tesouro e reinvestir rendimentos, o que vai aumentar a liquidez na economia.
Embora Powell tenha evitado chamar essa manobra de novo “Quantitative Easing” (QE), o simples fato de parar de drenar dólares do sistema financeiro já traz um alívio aos mercados. Moreira acredita que essa mudança pode ser o que reacenderá a alta do Bitcoin nos próximos meses.
Ele ressalta que, em ciclos anteriores, o aumento da liquidez global foi geralmente seguido por altas expressivas no Bitcoin. É importante lembrar que a reação do mercado cripto costuma ocorrer antes de outros setores.
Com os cortes nas taxas de juros confirmados, mas sem garantias de novas reduções, o Bitcoin pode enfrentar um período turbulento no curto prazo, marcado por movimentos especulativos e realização de lucros. Contudo, a perspectiva de maior liquidez à frente cria um clima favorável para uma recuperação.
Moreira conclui que, apesar do nervosismo atual no mercado, a estrutura de longo prazo melhorou consideravelmente. “Quando o Fed injeta liquidez, o dinheiro precisa ir para algum lugar, e ativos escassos como o Bitcoin tendem a se valorizar”, afirma ele, deixando uma perspectiva animadora para o futuro.





