Fiesp e Polícia Federal firmam parceria contra fraudes em criptomoedas
A Polícia Federal se uniu à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para firmar um acordo de prevenção contra crimes digitais no Brasil, incluindo fraudes envolvendo criptomoedas. Essa parceria foi anunciada na terça-feira (5) e surge em um contexto onde crimes digitais têm crescido de forma alarmante.
Rafael Cervone, presidente do Ciesp e 1º vice-presidente da Fiesp, ressaltou um dado preocupante: o número de crimes digitais aumentou 45% no último ano, resultando em mais de 5 milhões de fraudes cometidas. As perdas financeiras associadas a esses crimes estão na casa dos R$ 40 bilhões. Cervone destacou que pequenas e médias empresas são frequentemente as mais afetadas, muitas delas lutando para se recuperar após os incidentes.
Uso de criptomoedas no crime digital
O Dr. Otávio Margonari Russo, diretor de crimes cibernéticos da Polícia Federal, enfatizou o papel das criptomoedas nas atividades criminosas. Ele mencionou como essas moedas têm sido profissionalmente usadas para a lavagem de dinheiro e outras práticas ilegais, como os ransomwares.
Ransomware, para quem não está familiarizado, é um tipo de malware que bloqueia o acesso aos dados do computador e exige pagamento em criptomoedas para a liberação dos arquivos. O Dr. Russo explicou que a criminalidade evoluiu com o surgimento do Ransomware-as-a-Service (RaaS), onde pessoas com habilidades técnicas específicas se agrupam para criar e vender ransomware a outros criminosos. Esse modelo fez com que o crime se tornasse ainda mais organizado.
Ele alerta que, embora algumas organizações criminosas estejam desaparecendo devido às melhorias na segurança das empresas, os criminosos estão mudando suas táticas e, em vez de bloquear dados, estão optando por roubar informações diretamente.
A importância do acordo
O acordo entre a Fiesp e a Polícia Federal visa não apenas diminuir esses ataques, mas também aliviar a carga sobre as autoridades. Dados da Fiesp mostram que uma grande parte dos ataques, cerca de 45,5%, resulta de erros humanos, enquanto 60,2% das empresas não têm um plano de resposta para incidentes cibernéticos. É alarmante que 77,1% das empresas investem menos de 1% de suas receitas em cibersegurança, considerando que 34,7% delas já sofreram ataques e 42% desses ataques foram bem-sucedidos.
Além disso, a conversa também girou em torno da proteção de dados e da governança da inteligência artificial, um tema que vem ganhando cada vez mais relevância no mundo digital.
A expectativa é que esse tipo de colaboração traga um impacto positivo, ajudando as empresas brasileiras a se protegerem e a se prepararem melhor contra as ameaças digitais que estão se tornando parte do cotidiano.