Forças econômicas que podem impulsionar o Bitcoin neste ciclo
O estresse nos mercados de títulos está começando a afetar ativos considerados mais arriscados, e o Bitcoin pode sair ganhando nessa história. Uma movimentação maior em direção a ativos tangíveis já foi vista em outras crises, especialmente em momentos de instabilidade nos mercados de dívida soberana. Recentemente, o colapso dos títulos japoneses trouxe à tona preocupações com a situação financeira global.
As perdas não realizadas nesse setor estão crescendo. Os rendimentos dos títulos de 30 anos no Japão subiram para 3,2% em meados de julho, algo que não acontecia há anos, fazendo com que esses papéis perdessem quase 45% do seu valor desde 2019, conforme informações de analistas. A dívida do Japão agora representa impressionantes 235% do seu PIB, resultando em perdas não realizadas de cerca de US$ 198 bilhões para o Banco do Japão.
Esse sentimento de desconfiança em relação aos ativos “livres de risco” não é exclusivo do Japão. Nos Estados Unidos, por exemplo, os rendimentos dos títulos de 10 anos subiram de 40 a 60 pontos-base neste ano, seguindo a mesma tendência de alta observada no Japão. Desde 2020, os rendimentos quadruplicaram, impulsionados por déficits persistentes e pela intensa emissão de títulos do Tesouro.
“O que temos agora é uma liquidez no mercado global de títulos soberanos que está em níveis mínimos, abaixo até do que se via em 2008”, comentou um analista. “Isso é exatamente o que tem levado Bitcoin e o ouro a despontarem para suas máximas históricas.”
O momento do Bitcoin
A atual busca por ativos tangíveis mostra que o Bitcoin está sendo cada vez mais visto como uma proteção contra incertezas econômicas. Javier Rodriguez-Alarcón, ex-executivo da BlackRock, afirmou que o Bitcoin está se consolidando como um ativo escasso e seguro. Ele acredita que o próximo movimento de alta vai depender do aumento do interesse institucional, além de fatores legislativos e fiscais que possam favorecer o setor.
Enquanto isso, a movimentação em ETFs (fundos de índice) de Bitcoin e Ethereum tem sido robusta, ultrapassando US$ 3 bilhões e US$ 1 bilhão, respectivamente. Esse fluxo de investimento acontece em um cenário de juros altos e precauções em relação a novas tarifas impostas pelo governo americano.
Mesmo com as oscilações no mercado de títulos, alguns analistas acreditam que a economia dos EUA está em um “equilíbrio ideal”, o que pode dar novo gás ao Bitcoin. Detalhes sobre o comportamento do livro de ordens mostram que muitos compradores estão dispostos a entrar no mercado a preços inferiores, indicando que a vontade de comprar na baixa continua forte.
Esse novo sentimento entre os investidores tem mudado. Durante o último ciclo, estavam mais inclinados a vender. Agora, os dados históricos mostram que quando isso acontece, o Bitcoin tende a reagir positivamente. Embora o preço do Bitcoin tenha recuado mais de 4% desde o pico de US$ 123.300 em 14 de julho, com uma liquidação significativa de posições longas, ainda há espaço para otimismo na comunidade.